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Hoje é o começo. Estivemos um mês à espera deste dia, o começo verdadeiro de 2009, com aulas e trabalho a sério. Pelo meio assistimos a toda a espécie de previsões e fizemos as nossas, preocupadas e desconfiadas. Também ouvimos discursos sobre como vai ser difícil o ano. Parece que vamos «entrar em recessão na economia», expressão que não quer dizer nada para os portugueses que atravessaram o último mês – e que julgaram, na sua inocência, que já estavam em recessão. O resto foi dito pelo Presidente, na sua mensagem de Ano Novo: gastamos mais do que produzimos. Significa que o aperto vai ser grande durante estes meses, com menos luxos, menos gastos, menos euforia. Os cépticos tinham razão, como sempre. O que não faz deles pessoas mais felizes: apenas estavam preparados.
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Falamos demais sobre o ano que aí vem – desenhamo-lo como o ano de todos os perigos. Todas as nossas previsões são más, quer na política, quer na economia. É um cenário cinzento, triste, pouco dado para explosões de entusiasmo. Há quem veja nisso vantagens, como se a crise económica tivesse chegado para nos despertar de um optimismo doentio e sem suspeitas, cheio de computadores Magalhães e de novas tecnologias que nos poupariam o sofrimento, o trabalho e o estudo. Eram paraísos artificiais, promessas que não deviam ter sido feitas. Desde há anos que se juntavam as peças deste puzzle. O optimismo a todo o custo é a face visível de uma crise mais profunda, a do carácter. Todas as mudanças positivas nasceram em momentos de grandes dificuldades.
[Da coluna do Correio da Manhã.]
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