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Oliveira.

por FJV, em 12.12.08

Durante o dia de ontem muitos portugueses se perguntaram sobre o que tinham eles a ver com Manoel de Oliveira. Tem sentido, a pergunta – sobretudo porque o cineasta fez cem anos. Gostando ou não de Oliveira, ele transformou-se num monumento, e um monumento raramente se discute; está ali, à chuva, atravessado pelas intempéries, sujeito às caganitas dos pombos e à passagem das estações, é visitado para homenagens e fotografado pelos turistas. Oliveira, portanto, merece – é um monumento que mostramos com dignidade e algum orgulho. Não concordo com aquele crítico espanhol que referiu Oliveira como um dos cineastas mais livres do mundo. Essa ‘liberdade’ foi possível com o generoso dinheiro do Estado e dos contribuintes, o que também foi uma sorte para o seu talento. Não é para todos.

[Na foto: O Dia do Desespero, o filme de que mais gosto.]

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9 comentários

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De Lídia a 12.12.2008 às 12:45

Não é para todos e só prova essa fabulosa teoria do monumento. Afinal, qualquer monumento que se preze tem uma elevada manutenção, que em Portugal é sempre suportada pelo Estado...
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De teofilo m. a 12.12.2008 às 18:16

Pequeníssimas mas importante correcção:

Essa ‘liberdade’ foi possível com o generoso algum dinheiro do Estado e dos contribuintes, o que também foi uma sorte para o seu talento

ou se preferir:

Essa ‘liberdade’ foi possível com o generoso algum dinheiro do Estado e dos contribuintes, o que também foi uma sorte para o seu talento

O dinheiro ou vem do Estado que o recebe dos contribuintes, ou dos contribuintes (geralmente entendidos como todos nós) que o entregam ao Estado, dos dois ao mesmo tempo é que já não será possível, a não ser que o Manoel de Oliveira tenha descoberto uma arte que eu desconheço.

Por outro lado, só algum dinheiro é que veio do Estado, outro veio do bolso dele (muito) e de alguns que o apoiaram, mas não na qualidade de contribuintes, mas na de mecenas ou quando muito investidores.
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De rui dias a 13.12.2008 às 13:15

e essa do não é para todos, no contexto do cinema português, tem a sua piada...
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De MSC a 13.12.2008 às 22:49

Também acho que faz muito sentido a pergunta. Cem anos de um artista ainda em actividade não se comemoram todos os dias.

Quer se aprecie ou não o seu género muito peculiar, este Grande Senhor resiste ao tempo, às caganitas dos pombos e continua a ser capa de jornais nacionais e além fronteiras.
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De Ema Cabral a 14.12.2008 às 10:29

Capa de jornais além-fronteiras? Quais? Importa-se de esclarecer, caro(a) MSC?
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De Carlos Vidal a 16.12.2008 às 01:21

Do Jornal do Fundão, Ema Cabral. Da Gazeta das Beiras e pouco mais.
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De Jorge a 16.12.2008 às 21:21

http://www.guardian.co.uk/film/filmblog/2008/dec/11/manoel-oliveira-100

http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5jHX5b7GHo_NaXs4gPFceqC55G4Sw

http://www.liberation.fr/cinema/0101305047-manoel-de-oliveira-un-siecle-de-cinema

http://www.lefigaro.fr/cinema/2008/12/11/03002-20081211ARTFIG00393-manoel-de-oliveira-fetera-ses-ans-derriere-la-camera-.php

Chega ou é preciso mais?
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De Eu a 16.12.2008 às 23:52

Não é novo ser-se demagógico quando se fala de Oliveira, mas acho que é novo ser-se demagógico neste blog.
A saber: o nosso rico dinheirinho, que foi parar às garras do sortudo Oliveira, vai das taxas sobre a publicidade dos canais de TV direitinho ao ICA, que não conhece mais nenhum níquel. E oxalá financie tantos filmes com tantos espectadores como o Oliveira foi tendo ao longo da carreira.
O Oliveira é livre, porque sempre foi fiel a ele próprio, tanto quando toda a passarada lhe cagava em cima como quando toda a passarada acha o máximo chegar àquela idade sem um saquinho para os dejectos.
Cumprimentos
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De Carlos Romão a 17.12.2008 às 16:09

Talvez os portugueses tenham tanto ver com Oliveira como têm com Pessoa, que está sujeito às caganitas dos pombos do Chiado há muito mais tempo… e resiste! Como resistirá Manuel de Oliveira.
Interessante, e talvez até mais divertido, seria conhecer as razões desta infeliz e efémera investida do autor deste blogue, sobre o cineasta.

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