Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]



O Espírito das Leis.

por FJV, em 04.12.08

O que pede o Ministério da Educação? Que se cumpra a lei sobre “a avaliação”. Quem fez a lei? O governo e a sua maioria. A quem se dirige a lei? Aos professores. Os professores concordam com a lei? Não. É possível aplicar uma lei quando aqueles a quem ela se dirige não querem a sua aplicação? Não. Este imbróglio diz respeito a todas as leis, ou seja, ao “espírito das leis”, de que falava Montesquieu. Há quem pense que basta redigir uma lei para que a lei se cumpra; seria fácil, a um punhado de “pessoas esclarecidas”, passar um ano a produzir leis e três anos a mandar executá-las, fechando um ciclo eleitoral. Infelizmente, as leis dirigem-se a pessoas concretas que vivem em condições concretas, nem sempre as desejáveis. As “pessoas esclarecidas” às vezes não vêem isto.

Autoria e outros dados (tags, etc)


32 comentários

Sem imagem de perfil

De Victor Gonçalves a 04.12.2008 às 16:51

Claro, muito claro. O estranho é que o ministério da educação, com as dezenas de assessores esclarecidos que deve ter, não tenha percebido o que é óbvio.
Sem imagem de perfil

De José Leandro a 04.12.2008 às 17:08

Li em 1998 um livro do jornalista e historiador Gilles Lapouge . O título salvo erro era 'Os Piratas. Piratas, flibusteiros, bucaneiros e outros párias do mar' editado pela Antígona. Se atentar-mos na situação de 'regime' em Portugal e na vulgaridade dos políticos (todos) e do carreirismo para esse fim de vida, será fácil verificar que pelo sentido pejorativo estamos entre Piratas, flibusteiros, bucaneiros e outros párias em terra, porque os do mar tinham códigos de conduta. Até no saque!
Sem imagem de perfil

De Bruno Vieira a 04.12.2008 às 17:59

Pois, tudo isso até é verdade, agora só falta responder a uma questão de fundo...
Mas comecemos por partes, fazendo um enquadramento da presente situação . Os professores pertencem a um grupo sócio/profissional que durante toda a sua carreira tiveram como únicos critérios de avaliação, o grau académico que obtido, acções de formação frequentadas e participação em actividades extracurriculares. A proposta do governo passa por uma avaliação ligada á sua actividade "core": Desempenho dos alunos e qualidade pedagógica.
Não se pode deixar de considerar que tendo em vista uma VERDADEIRA avaliação de qualquer funcionário em qualquer profissão, a aferição do sucesso no desempenho das suas funções se deve prender com os seus resultados funcionais...que eu saiba a função dos professores ainda é ensinar e não frequentar seminários ou tirar mestrados....é para isso que o povo português lhes direcciona uma parte dos seus impostos. Defender o contrário é o mesmo que dizer que a avaliação do FJV enquanto colunista não é feita pela qualidade dos seus escritos/nº de leitores que se interessam pelo que escreve, mas sim pelo número de livros que leu ou pelo número de prateleiras que tem em casa repletas de livros.
Outra questão em debate prendesse com a existência de quotas. Bom quanto a isto apenas me parece justo realçar que a excelência não é um valor estanque, mas que se apresenta como um elemento dinâmico face á media ou seja mesmo que o patamar de qualidade dos professores suba, engrossando o número de professores bons e muito bons isso apenas faz com que o que é exigido para se ser excelente também aumente. Defender o contrário é o mesmo que defender que devem existir 2 editores de jornais, 2 primeiros ministros apenas porque existem dois ou mais indivíduos com qualificações semelhantes para o poderem desempenhar. Teoria que levada ao extremo levaria a termos 10 directores de escola para cada professor (de preferência estagiário).
o Francisco diz que é impossível passar uma reforma contra uma classe inteira....e é claro que tem razão, mas apenas em parte julgo. O facto da classe dos professores ser contra não se prende com nenhuma demanda racionalista, mas apenas emocional, se quisermos uma questão de natureza humana. Se tivermos uma empresa em que a evolução na carreira (vulgo ordenado ao final do mês) era feita de forma cilíndrica e com factores de validação tão simpáticos quanto o número de seminários frequentados (mesmo que de beneficio organizacionais dúbios) e passarmos para uma evolução piramidal em que os resultados requerem um esforço diário, constante e de verificação analítica e concreta (em que só alguns ganham mais ao final do mês em vez de todos), parece-lhe estranho que os trabalhadores em causa sejam contra. Num prato da balança tudo para todos, do outro, tudo mas só para alguns (os melhores)...será tão estranha assim a posição dos professores?
As desculpas dos professores em relação a complexidade dos processos de avaliação, lembra-me os miúdo que não gostam de sopa, quando se queixam que esta ou está fria ou muito quente ou estragada....quando todos na verdade sabemos que eles não gostam é de sopa.
O nosso problema é que mimámos de mais as nossas crianças.
Sem imagem de perfil

De juliamar a 04.12.2008 às 19:01

É evidente que o caro Bruno Vieira não sabe do que fala. Os professores gostam de sopa e não estão contra esta avaliação por birra.
Mas diga-me, não lhe parece estranho que depois de meses de contestação a Sr.ª Ministra tenha finalmente assumido em directo na televisão (pode rever a entrevista conduzida pela Judite de Sousa) que este modelo de avaliação contém "erros técnicos", obriga a um "trabalho sem sentido" e é demasiado burocrático"?
A sorte deste ministério é que ainda tem professores sérios e empenhados a trabalhar e que põem o interesse dos alunos acima de tudo. Em qualquer empresa - já que gosta tanto de comparações - uma equipa de trabalho que tivesse produzido documentos com erros técnicos há muito que estaria despedida...
Sem imagem de perfil

De Afonso Roque a 04.12.2008 às 22:31

Falar as coisas a sério é assim: Voçês 'falavam' é se vivessem num regime de comunas da merda! Vai para Cuba e faz greves. Deixas de ser Professor e passas a engraxar sapatos. Se souberes cantar boleros, podes ter sorte em cruzar-te com o Ry Cooder e depois cantas no Buena Vista Social Club. Até lá cuida-te!
Sem imagem de perfil

De jccatarino a 05.12.2008 às 15:23

Permita três observações rápidas: (i) há muito que a principal função dos professores não é ensinar - se duvida, leia as orientações e os documentos do ME; (ii) sobre a frequência de mestrados, etc., lembro Eça: "para ensinar só é precisa uma formalidadezinha: saber o que se ensina"; (iii) na educação, os resultados levam, pelo menos, uma geração a manifestarem-se.
Quanto ao resto, a discussão seria longa e fastidiosa, o que seria também deselegante em blogue alheio.
Sem imagem de perfil

De Bruno Vieira a 04.12.2008 às 19:31

Cara Juliamar é óbvio que eu não sei do que estou a falar, assim como também é óbvio que a Júlia é professora. E já agora enquanto professora é isso que ensina aos seus alunos, que a melhor forma de rebater uma opinião é subadjectivar o seu interlocutor....muito pobre.
Quanto ao facto de os professores querem ser avaliados, desculpe mas não acredito. Assim como também não acredito que os seus alunos gostem de fazer testes (é a natureza humana).
Mais, quanto á qualidade docente ser elevada...desculpe mas pode provar isso, ou estará essa assumção ao nível de eu dizer que os benfiquistas são bons chefes de família.
O resto são apenas argumentos....não é Júlia?
Sem imagem de perfil

De Bruno Vieira a 04.12.2008 às 19:41

Ah se o seu problema era a simplificação do processo, então está resolvido, não? Podemos contar sempre com a imaginação dos professores para encontrar novas e variadas razões para tudo ficar na mesma... O facto de conviverem muito com crianças não dá direito aos professores de se comportarem como eles.

Sem imagem de perfil

De juliamar a 04.12.2008 às 20:08

Caro Bruno, é verdade que sou professora há 24 anos. Sou-o por opção e, sobretudo, por paixão. Protesto, porque não me revejo na imagem que o ministério vende dos professores. Protesto, porque acredito no ensino público. Protesto, porque, mesmo sem este famigerado sistema de avaliação, sempre fiz o melhor que pude para promover o sucesso genuíno dos alunos (não o fabricado). Protesto e continuarei a protestar. Fui às manifestações e ontem fiz greve. Mas, hoje, estou de saída, porque eu e outros professores que também fizeram greve e protestam vamos levar os nossos alunos ao cinema. Fora das horas de aulas, à noite. Com prejuízo do nosso descanso. Porque são alunos do 12º ano e estão a estudar a obra de José Saramago. Garanto-lhe: não há sistema de avaliação que nos obrigue a isto.
Boa noite
Sem imagem de perfil

De VITOR a 10.12.2008 às 15:48

Fazer o melhor que se pode nem sempre é suficiente para se ter um excelente, e de certo que o seu melhor não é igual ao melhor de outros colegas seus. Aqui no escritório onde trabalho grande parte de nós faz o melhor que pode, mas isso não significa que todos produzimos por igual. o Nelson Évora salta mais na brincadeira do que eu a dar o meu máximo.
Sem imagem de perfil

De Massa Mansa a 12.12.2008 às 08:00

Os Professores são os sofistas do nosso tempo, porque a sofistica da avaliação que fazem aos alunos resolve sumariamente as questões dos critérios e da legitimidade dos avaliadores, ou seja, eles são única e exclusivamente a medida de todas as coisas e não admitem opiniões contrárias. E evitam acima de tudo que se coloque a pergunta: quem avalia os avaliadores?


E se os alunos reagissem com manifestações diárias à avaliação a que são sujeitos nas escolas, como é que reagiriam os professores?
Sem imagem de perfil

De Manuel Pereira da Rosa a 04.12.2008 às 19:58

A lei espressa a vontade do soberano e exerce-se pela violência legitimada e o exercício da soberania tanto mais fácil qunato maior for a aceitação universal da regra.
O direito é exercido pelo súbdito respeitando as normas do soberano.
O estado democrático de direito, coisa de que poucos povos se apoximam, pretende o povo soberano e súbdito de si próprio.
Nenhuma tirania oligárquioca como a nossa conseguirá implantar normas estáveis por eles no fundo, são: Robsepierrenistas, Bonapartistas, Stalinistas, Castristas, Chavistas, etc. Só lhes falta encontrar o tirano para chefiar o grupo.
E viva o FCP!
Manuel Rosa
Sem imagem de perfil

De MCA a 04.12.2008 às 21:39

Já agora VIVA O REI, O DOURO, O PORTO, O FCP , o JAIME RAMOS e F. CASTANHEIRA mas também o Leandro que falou no Gilles Lapouge . Bebo um Dona Berta à vossa saúde. Do FJV também!
Sem imagem de perfil

De Armando Pinto a 04.12.2008 às 23:58

A argumentação não está ao nível do FJV e isto é um cumprimento muito sincero. De facto, a ser assim, para cada lei dever-se-ia perguntar, aos seus destinatários, se a aceitam.

Comecemos pela legislação fiscal e que então, à cabeça, se perguntava se os seus destinatários contribuintes aceitavam pagar impostos. Para não ser excessivo, imaginemos que pagar impostos é um dado adquirido na sociedade, mas que aos contribuintes se pergunta se concordam com o nível de fiscalidade em vigor. Que se esperaria de consultas desta natureza?

Mas esta argumentação pode conduzir ainda a outras coisas. Por exemplo: para que serviria uma AR, pelo menos no que respeita à sua principal função – legislar – se nos bastasse um punhado de esclarecidos que redigiriam as leis, antecipadamente perguntando aos seus destinatários como é que as queriam?

No caso concreto, se se perguntasse aos mais de cem mil professores que regras queriam para a avaliação, quem depois escolheria entre as milhentas de hipóteses que, certamente, seriam apresentadas?

E ainda: que papel me cabe como contribuinte que, com os demais, paga o ensino, se depois é um grupo – que não me representa – que decide como é que se fazem as coisas no ensino e, nomeadamente, como é que se gasta o dinheiro? Como contribuinte pagava e calava?

E pagava o esbanjamento de uma situação que se vive em que paga a todos por igual independente do seu mérito, com a garantia de todos poderem chegar ao topo da carreira apenas com a ajuda do tempo que nunca pára?

Para um grupo de ungidos do senhor que considera que todos são iguais e bons, recusando que uns sejam mais que outros, como em todas as profissões acontece?

Como eleitor, votava em quê, em que programa, se depois o programa fosse defraudado consoante os interesses de grupos ou corporações que podiam sobrepor-se aos resultados das urnas?

Ainda se estivéssemos perante uma outra e séria alternativa… nada como ver qual a melhor. Mas, tendo em conta o actual estado de coisas, pode aceitar-se como séria a autoavaliação da proposta da Fenprof e que pode ser consultada no respectivo site? Em que é que as coisas ficariam mudadas, para melhor, se tal proposta, em substância, significa manter tudo como está?

Ainda se poderia aceitar que isto se negociasse. Mas como, se do modelo já se passou para o ECD e se quer acabar com a categoria dos professores titulares? E aqui, quanto aos titulares, temos 35.000 que só o são porque para isso concorreram. E a que se devem juntar os que, concorrendo, não chegaram lá. Se ninguém foi obrigado, não é representativo o grupo que aceitou ser titular, sabendo que nem todos preencheriam os critérios para o poder ser? E agora não vale? Não valem, por exemplo, as expectativas criadas a quem o é? Ou os concursos para titulares foram uma brincadeira?

Negociar assim vale a pena?
Desabafei.


Sem imagem de perfil

De MFerrer a 05.12.2008 às 01:13

Apesar disto: http://www.petitiononline.com/demissao/petition.html
e confirmado por isto:http:
//ww1.rtp.pt/noticias/?article=376266&visual=26&tema=1

Sobe PS sobe !
(Sondagem para a RR, Expresso e SIC )http://sic.aeiou.pt/online/noticias/pais/sondagemlegislativas.htm
MFerrer
Sem imagem de perfil

De Manuel Pereira da Rosa a 05.12.2008 às 09:59

Os oligarcas não irão encontrar o tirano para os domesticar controlar e, se necessário, cortar as cabeças dos concorrentes mais afoitos. Assim sendo a sociedade irá caminhando de forma degenerescente até que surja um.
O Dr Salazar arbitrou até 1933 e instalou um estado autoritário, tendo até o cuidado de constituir Tribunais Plenários para não misturar as duas justiças: dos delitos sociais e dos delitos políticos.
E eu que antes do 25 de Abril, sob a égide de um Movimento Sindical Estudante, me reunia com o ainda estudante e depois deputado do PCP, Dr . João Amaral, com um portátil pendurado na maçaneta da porta, no volume máximo, dou por mim envergonhado por me afluírem ao cérebro pensamentos como este:
- O povo português deveria estar eternamente grato ao Dr Oliveira Salazar por tê-lo poupado ao espectáculo indecoroso que é dado na praça pública por oligarcas delinquentes contumazes que permanentemente o esbulham enquanto se apelidam uns aos outros de ladrões e outros mimos.
Parece que estamos condenados. Qual a causa?
Será por causa da expressão «dar o braço a torcer».
Soberanias e Tiranias
PS obriga Cavaco Silva a promulgar Estatuto dos Açores
Titula o D N : – 3-12-2008
PS não dá cavaco a Belém sobre Açores
Titula o C M: – 3-12-2008
Sócrates obriga Cavaco a promulgar Estatuto dos Açores
Titula o J N: – 3-12-2008
Ligeira, leviana e irresponsável. As razões do PS não têm qualquer cabimento. Diz o PSD
Uma embirração. Diz o PCP
Desnecessário. Dizem António Vitorino, Vital Moreira, Etc.
A lei desnecessária promove o delito. Todo o acto de poder desnecessário é tirânico. Diz Cesare Beccaria .
A soberania, una e indivisível, reside no povo, que a exerce segundo as formas previstas na Constituição. Diz a CRP
Será que o seu principal mandatário, o Presidente da República, tem outros soberanos?
Será que está a ser tiranizado?
Será que o tirano (tiranos) lhe irá (irão) impor comportamentos diferenciados para cada região através de regulamentos diferentes para os Açores e Madeira?
Irá a boa moeda instalar o estado de direito ou será expulsa pela má moeda jacobina e continuaremos vítimas da tirania de oligarcas delinquentes?
E viva o FCP ! E já agora também : http :// opaisdedeus.blogspot.com

Sem imagem de perfil

De Laura a 05.12.2008 às 17:54

Mas a argumentação do FJV está correctíssima. Nada tem de enviesado afirmar que a lei deve estar em condições de ser aceite pelos seus destinatários. Trata-se de uma evidência civilizacional. E trata-se acima de tudo de um atributo indispensável ao próprio direito, segundo a qual, quando o Estado assume o papel de legislador, criando uma norma, fá-lo para impor uma disciplina que corresponda ao “sentimento dominante da comunidade”. É isso que confere legitimidade à intervenção coactiva de qualquer Estado, por via das leis.
E depois há as regras do jogo constitucional e democrático, em particular. Por isso é que nos preâmbulos dos diplomas legais há aquela conversa do “foram ouvidos os parceiros sociais, etc.” Trata-se da negociação. Da audição dos sindicatos e de outras entidades representativas.
- Chato, não é?
Sobretudo quando se impõem as medidas ao arrepio total da mesa de negociações.
Afinal foi fácil ignorar essas instâncias, porque são arcaicas, tendenciosas, instrumentalizadas… uma espécie de esqueletos do armário do abrilismo , que tolhem a modernidade e os impulsos reformadores…
Pois, pois. Mas o desastre total é quando essa leitura é depois desmentida na rua. Afinal o”povo” existe mesmo para além dos sindicatos! E é mesmo verdade que eles não fazem batota…estão lá para alguma coisa…
Que ferro, hã?! Diria uma personagem do Eça...
Sem imagem de perfil

De Armando Pinto a 05.12.2008 às 19:16

Laura
concordo em absoluto quando escreve "criando uma norma, fá-lo para impor uma disciplina que corresponda ao “sentimento dominante da comunidade”.
E, sublinho o que tem entre aspas: "sentimento dominante da comunidade".
Salvo melhor opinião, tal sentimento expressa-se em eleições, quando o eleitor opta sobre as alternativas em presença. Porque não vejo que possa ser de outro modo.
Por isso, o sentimento de uma classe ou corporação, não pode sobrepor-se "ao sentimento dominante da comunidade".
Sem que seja argumento, sondagem de ontem (ouvia-a comentar ontem) dão a maioria absoluta ao PS, apesar da barafunda no ensino secundário. Qual será então o sentimento dominante da comunidade, hoje mesmo?
Verdade que para muita legislação se é obrigado a ouvir parceiros. Mas apenas isso, pois os ouvidos não têm direito de veto quanto às medidas da AR ou do executivo.
Já agora: mal iria um país onde se governasse a partir da rua.
Sem imagem de perfil

De Laura a 05.12.2008 às 20:23

Armando Pinto:
1º- Mas ainda quer mais alguma demonstração prática de que neste caso, efectivamente, a norma não corresponde ao sentimento dominante da sociedade? Olhe, pelo que me diz respeito, não corresponde.
Eu não sou professora.
2º- Governar com legitimidade não é governar a partir da rua.
Mas muito mal corre quando só resta a rua.
Sou pela autoridade do Estado ( não pelo autoritarismo).
3º- A regra da democracia é sufragar um partido e deixá-lo governar. Com certeza que sim.
Mas a delegação de poderes não é ilimitada.
- Ou você acha que o voto é um cheque em branco?
Sem imagem de perfil

De Armando Pinto a 05.12.2008 às 20:38

Laura
Se o sentimento dominante na comunidade se limita ao dos professores, aqui temos um desacordo. Para mim os professores, ou qq outra classe profissonal, não representam, por si, o sentimento da comunidade no que respeita à política para o ensino e a política para o ensino deve ser definida pela comunidade através dos seus eleitos.

Um voto não é um cheque em branco, naturalmente. Por isso os partidos não fazem campanhas com base num vazio de ideias. Apresentam programas eleitorais. Por sua vez, quem a seguir é governo, tem que previamente fazer sufragar na AR um programa de governo. Estando cumprida esta condição, o voto não é um cheque em branco.

E temos uma válvula de escape, para o que sejam exageros ou más práticas: nas urnas, nas próximas eleições, a comunidade vai estar lá. E responderá de acordo com o seu sentimento, quanto a quem governa, quanto a quem é alternativa na oposição.

Eu nada tenho contra a rua, contra as manifestações que nela se façam. Mas isso nunca poderá servir para defraudar o que foram resultados eleitorais, sobretudo quando, na rua, apenas estão em causa interesses de uma classe e que até se podem opôr aos da maioria.
Sem imagem de perfil

De Bruno Vieira a 05.12.2008 às 20:29

O governo acabou de cometer o mesmo erro que o PS cometeu na altura do primeiro 1º de Maio....sobrevalorizar o peso do PC. Não acredito que a maioria do povo português esteja com os professores, nesta disputa. Se como parece, governo recuar e implementar uma espécie de auto-avaliação como pretendem os sindicatos, a recente aproximação á maioria absoluta do Ps vai-se esfumar....pois no final depois de todos os sacrifícios pedidos aos portugueses durante da saga reformista socialista, finalmente transparecerá que tudo foi uma fraude, um conjunto de efeitos especiais. Porque é preciso mudar algo, para tudo ficar na mesma.
Se o governo recuar, pode ganhar o voto de 150 mil professores, mas irá perder o de largas centenas de milhares de portugueses ao centro. O meu já está perdido.

Comentar post


Pág. 1/2




Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.