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Vigilantes de colégio interno.

por FJV, em 19.11.08

Ah, país de moralistas e de vigilantes! Claro que fez jeito «a gaffe de Manuela Ferreira Leite». Na verdade, de outra maneira não poderíamos ouvir de novo Alberto Martins com aquela voz de surda indignação e inequívoca superioridade moral (a mesma que o levou a manter-se surdo e mudo a propósito do caso DREN/Charrua, por exemplo – para provar que democracia é só palavreado), a criticar a falta de cultura cívica? Às 15h40 de ontem, o relato do Jornal de Negócios dizia que toda a sala se tinha rido e que se tratava de ironia. Mas – ah! – não se pode ironizar sobre coisas sérias. As coisas sérias devem deixar-se para as pessoas demasiado sérias.

Sim, dá-lhes jeito, como vigilantes de colégio interno, «a gaffe de Manuela Ferreira Leite». Mas não passa disso mesmo: gente com queda para o pequeno escândalo, levantando a virtuosa batina com a pontinha dos dedos, enquanto dão saltinhos junto dos charcos: «Já te molhaste! Já te molhaste!»

 

P.S.- Claro que há outra imagem para esta onda de escandalizados, e que vai do toque florentino à divisão Panzer: vamos aproveitar o deslize enquanto não nos apanham nos nossos.

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21 comentários

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De João Paulo Brito a 19.11.2008 às 12:48

Manuela Ferreira está longe de ser uma política inspirada e a sua gaffe foi prova disso mesmo. O PS, com o oportunismo mediático que lhe é conhecido aproveitou logo para cair em cima da sua afirmação.
Mas por piores que tenham sido as afirmações da líder do PSD, as afirmações de Alberto Martins ainda que sejam na substância correctas, são hipócritas no exagero.
Adoraria saber a opinião de Alberto Martins sobre o facto de o Governo do PS instituir um sistema de bufos por SMS na função pública, de exprimir a sua luxúria pelo ditador Chavez, de querer receber a Guiné Equatorial na CPLP legitimando uma das últimas e piores ditaduras africanas, de o Primeiro-Ministro através dos seus assessores pressionar os media que publicam notícias desfavoráveis ao seu Governo, puxando dos galões das relações privilegiadas que tem com os chefes dos grupos económicos aos quais esses media pertencem, ou ainda do facto de a sinistra ERC querer interferir nos critérios jornalísticos dos órgãos de comunicação social e até nos blogues se a deixassem.
E claro, ainda falta saber a opinião dos socialistas sobre o facto de a RTP se parecer cada vez mais com o Pravda privado do PS.
Em suma, esta ditadura soft do PS é bem mais perniciosa do que um disparate dito pela líder do PSD.
Mas enquanto puxam a atenção para Ferreira Leite, evita-se falar na governação PS que está instalada desde 1995 até hoje apenas com dois anos e meio de governo PSD que foram bastante maus. De qualquer forma, o resultado não é bom mas isso não parece importar o PS.
Por fim, uma recomendação. Na próxima vez, os assessores do Primeiro Ministro deviam telefonar ao Grupo Paersons para impedir aqueles comunas do Financial Times de dizer mal do nosso Ministro das Finanças.

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