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Viagens na minha terra sustentável.

por FJV, em 11.09.08

 

Graças à Agência Lusa, fiquei a saber que Vila Nova de Foz Côa vai este ano aderir ao Dia Europeu sem Carros, no sentido de “uma política mais sustentável de transportes”. O leitor não sabe, mas a notícia comove-me – nasci lá e sofri, como todos os seus naturais, para ter uma rede de transportes, sustentável ou não. Ainda há menos de 30 anos, familiares meus deslocavam-se dezenas de quilómetros a pé para tratarem das suas vidas e não havia “transportes sustentáveis”. A minha aldeia (o Pocinho) tinha comboio, que era “sustentável”; agora, o comboio vai desaparecer. Muita gente naquelas paragens, antes de se falar de “mobilidade sustentável”, sabia muito do assunto – simplesmente, há vinte anos, não tinha transporte. Eis como Portugal se transforma – pelo topo. Pelas palavras.

[Da coluna do Correio da Manhã.]

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9 comentários

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De Dylan a 12.09.2008 às 01:01

E Almendra, conhece?
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De Daniel Rodrigues a 12.09.2008 às 09:08

É de facto dramático, mas incompreensível é ser uma iniciativa que parte dos responsáveis locais.

Filosoficamente pergunto-me por vezes se não seria melhor precisamente não haver quaisquer vias de comunicação com o mundo de loucos no litoral. Isso mesmo, um sítio onde a ASAE não conseguisse chegar, onde se podem comer sopas de xis, pão de Carviçais, laranjas não pesadas de barca de alva, rebuçados da régua.

Por vezes, apetecia-me precisamente viver como os meus avós, perdido entre fragas, à espera das festas da Sra. da Vila Velha, a correr os riscos de ficar doente sem ter médico, mas morrer tendo onde cair morto, num lugar com vista para o monte da soalheira.

Filosoficamente, claro está. mas, e se por exemplo, houvesse um hospital em Foz Côa, outro em Mogadouro, uma linha de metro de Duas Igrejas a Almeida? Só ali, no mais recôndito do nosso Portugal, longe da insanidade que vai tomando o nosso povo a pouco e pouco?
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De Luís Pis Pis a 12.09.2008 às 13:03

Curioso o remate do extracto que aqui coloca!

Sei que este assunto o deixa colérico; estão a forçar as limitações lógicas com o argumento de apresentar o criacionismo como uma "ideia do mundo", aqui:

http://www.elmundo.es/elmundo/2008/09/12/ciencia/1221211916.html

É preciso ter um coração muito cristão para admitir a origem de algumas espécies....
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De Jorge Ramos a 12.09.2008 às 13:33

Caro Francisco,
Sou natural da Mêda e tive a mesma vivência (como ela parece longínqua e desconhecida para tantos). Lembro-me de familiares andarem dias a cavalo para ir às feiras de Moncorvo, Mogadouro tratar da compra de gado.
Fui inúmeras vezes ao Pocinho (transportar vinhos para a Casa do Douro), lembro-me dos comboios a vapor e lamento profundamente a desactivação de troços da linha do Douro em nome de principios puramete economicistas.
Jorge
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De idalino leão a 12.09.2008 às 13:45

Caro FJV, não sei bem qual a razão(ou sei), mas sempre que vou ao Douro, sinto-me bem, muito bem.
De carro, de comboio ou de barco, gosto sempre de me sentir bem.Mas de todas, a que mais gostei foi de comboio ate ao pocinho, belas paisagens, bons pensamentos, bela região.
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De PALAVROSSAVRVS REX a 12.09.2008 às 15:17

Mobilidade sustentada em canadianas ou cadeira de rodas porque em pilim é insustentável.

http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=28962178&postID=1680295646774927062
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De PALAVROSSAVRVS REX a 12.09.2008 às 15:18

PALAVROSSAVRVS REX (http://joshuaquim7.blogspot.com/)
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De CD a 13.09.2008 às 00:09

Coitados, desde que o Guterres lhes enfiou o barrete da EuroDisney portuguesa nunca mais atinaram
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De Beirão a 13.09.2008 às 01:42

Sou um pouco mais novo que FJV e a generalidade dos comentadores; ainda assim, tenho na memória as idas à sede de concelho e, sobretudo, à sede de distrito no autocarro da manhã e, por determinação dos horários da transportadora de então, o regresso ao final da tarde.
O contributo para “uma política mais sustentável de transportes” de zonas como as Trás-os-Montes, as Beiras e o Alentejo é claramente superior ao das restantes zonas do país: primeiro, como diz FJV , "Ainda há menos de 30 anos, familiares meus deslocavam-se dezenas de quilómetros a pé para tratarem das suas vidas e não havia “transportes sustentáveis”"; segundo, hoje a zona das Beiras caiu num processo de semi-desertificação, que nenhum politico se preocupa em reverter...
Creio que a oportunidade da referência ganha pela insignificância da medida em Vila Nova de Foz Côa.

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