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Violência doméstica.

por FJV, em 02.09.08

Ontem, os jornais noticiavam que os partidos estavam de acordo com a prisão preventiva em caso de violência doméstica. Na verdade, de entre os crimes contra as pessoas, a violência doméstica é o mais abjecto – sobretudo a que é dirigida contra velhos e crianças, que não podem defender-se nem têm voz. Mas a preocupação central é com a relação entre maridos e mulheres. Fico sensibilizado mas acho que o importante é mostrar que os maridos e as mulheres podem lutar pela sua dignidade sem que os políticos enobreçam o estatuto da vítima. Um estudo da Universidade do Minho diz que 25% dos jovens entre os 15 e os 25 anos já foram vítimas de violência numa relação amorosa. Sovas, murros, pontapés e sexo forçado começam na adolescência. Os políticos que tenham cuidado e estudem.

[Da coluna do Correio da Manhã.]

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11 comentários

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De Luís Bonifácio a 02.09.2008 às 09:13

A preocupação central de que fala é na realidade a única preocupação de quem elabora a lei. Velhos e crianças não devem fazer parte do "espírito da lei".
Ah! E violencia doméstica é: Marido a bater na mulher, única e exclusivamente.
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De Zé da Burra o Alentejano a 03.09.2008 às 17:27

Mais:

O facto de alinhar ou não com a teoria de que o Governo está a dar ênfase a outro problema para "chutar para canto" o principal depende da apreciação de cada um, portanto mais nada há a acrescentar.

Quanto à violência doméstica, qualquer pessoa reconhece que ela já foi bem pior mas há outros casos de violência doméstica para além da do HOMEM VERSUS MULHER: os praticados contra os idosos, familiares deficientes, ou dos filhos contra os pais e até, já hoje, de mulheres contra alguns homens: sabendo que aqueles não lhes podem fazer algum mal, desprezam-nos, praticam adultério; mesmo sem qualquer ocupação profissional não se ocupam dos trabalhos domésticos e há casos em que é o marido que depois de chegar do trabalho tem que fazer a comida para a família (se quizer) e tratar de roupa, para além de resolver qualquer problema doméstico mais tradicionalmente executado por homens: pintar a casa, reparar o candieiro, desentupir o lavatório, colocar uma telha, sei lá... É FAZER E CALAR, SENÃO RUA E PAGA A PENSÂO PARA OS FILHOS QUE FICAM INVARIAVELMENTE COM A MULHER MESMO QUE O HOMEM CONSIGA POVAR A SUA INOCÊNCIA (o que é muito difícil); DE CONTRÁRIO ATÉ AQUELA TEM DIREITO A UMA PENSÃO PARA SI. Se a questão monetária não importa para quem ganha alguns milhares de euros, o mesmo já não acontece para muitos outros menos afortunados.
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De Zé da Burra o Alentejano a 02.09.2008 às 10:52

Para desviar a atenção dos cidadãos.

Agora, quando este país está "a ferro e fogo" sob a mira do ataque de violentos "gangs", que estão dispostos a tudo para conseguir os seus gananciosos intentos de obter dinheiro fácil, é a altura de voltarmos a lembrar o drama da violência doméstica. Ela existe e continuará a existir sempre mas nada tem a ver com o que foi no passado ou existe noutros países.

Os amantes das estatísticas gostam muito de comparar realidades entre os diversos países. Será que são capazes de comparar o que se passa em Portugal com o resto do mundo? ou com o que se passava há 30 anos?

Em Portugal, frequentemente são postos em liberdade, a aguardar julgamento, assaltantes violentos, traficantes de droga, de armas e até assassinos, colocando em risco vítimas e testemunhas. Será agora, neste preciso momento, a altura mais correcta para se pensar no problema da violência doméstica e até de se aventar a hipótese de por sempre em prisão preventiva todos os homens ACUSADOS dela? Coloquei em maiúsculas "ACUSADOS" porque até ao final do julgamento também tem direito à presunção de inocência; ou não? A inovação não podeá até levar a esquemas perversos para por fora de casa um qualquer companheiro que se queira por fora de casa. E depois mesmo que não se prove nada como já está fora de casa...

Também não se percebe como são agora referidos crimes de violência entre namorados como sendo violência doméstica quando ambos têm domicílios diferentes. Será para aumentar os números da estatística?

Zé da Burra o Alentejano

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De Zé da Burra... a 09.09.2008 às 17:05

O Governo anuncia que vai ser mais duro para com os crimes violentos. Acho bem e espero para vêr(Como São Tomé), porque não tem sido esse o rumo deste Governo do PS nem dos anteriores do PSD. Também não basta haver mais polícias nem melhores armas se não as puderem usar e é bom que se defina quando é que as podem usar para que não haja dúvidas. Por exemplo: Quando um carro em fuga tenta furar uma barreira policial é natural que os policias possam disparar de frente para a viatura que os ameaça, porém há que saber: e se a viatura conseguir "furar" a barreira ou contorná-la, será que os policias já não podem fazer uso das armas? Gostava de um esclarecimento.
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De Carlos Azevedo a 02.09.2008 às 10:58

A violência entre cônjuges não é a única forma de violência doméstica, mas é a mais frequente (cf. a página 16 do seguinte relatório: http :/ www.apav.pt pdf /APAV_totais_nacionais_2008_semestre1 pdf ).
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De Cátia a 02.09.2008 às 13:29

Na minha opinião o texto peca por três motivos. Por pressupor que mulheres em idade adulta estão em igualdade de força física para com homens em idade adulta. Por pressupor que não existem problemas psicológicos que afectam pessoas vítimas de violência verbal ou física. E por rpessupor que as mulheres vítimas de violência doméstica recebem apoio por parte da sociedade («têm voz»), muitas vezes só recebem silêncio e em alguns casos até são incentivadas a desculpar o agressor e com ele permanecer. A violência domésticá é algo terrível tenha a vítima a idade que tiver.

Também não me aprece que as vítimas de violência doméstia «podem lutar pela sua dignidade sem que os políticos enobreçam o estatuto da vítima». A única maneiraque as vítimas doméstica têm de «lutar pela sua dignidade» é serem apoiadas, tanto psicologicamente como em muitos casos com apoio em espécie, uma vez que necessitam de mudar-se para longe do agressor e muitas vezes não têm como fazê-lo sozinhas, especialmente quando têm crianças a cargo.

Mas não concordo com esta medida (prisão preventiva em qualquer caso de violência doméstica), porque há casos, uma minoria mas ainda assim existem, de conjuges que se fazem passar por vítimas de violência doméstica, quando não o são.
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De Zé da Burra... a 02.09.2008 às 16:32

É verdade Cátia! As medidas anunciadas poderão e levarão certamente nalguns casos a perversões como a que referi de acusar o companheiro de actos de "violência doméstica" apenas para se ver livre dele. MAS QUERIA DESTACAR SOBRETUDO O MOMENTO ESCOLHIDO PARA ADOPTAR NOVAS MEDIDAS: PRECISAMENTE NO MOMENTO EM QUE O PAÍS ESTÁ A SER ASSOLADO POR "GANGS" ALTAMENTE PERIGOSOS QUE EXIGIRIAM ALGUMA RESPOSTA DE QUEM GOVERNA. ASSIM, ISTO LEVA-ME A DESCONFIAR QUE A MEDIDA VISA DESVIAR A ATENÇÃO DOS PORTUGUESES.
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De Helena Velho a 02.09.2008 às 18:34

Ao ler este comentário fico na dúvida: acredita mesmo que a violência doméstica , especialmente, a que considera menos abjecta: entre homens e mulheres, se resolve com um plano de educação e incentivo à luta pela dignidade que estes podem travar?
Há muitos estudos e, parece-me, credíveis(mesmo para si). Mas leia esta notícia( uma entre muitas!) jn.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=1007284
e diga se acredita convictamente no que escreveu.
Fosse fácil os adultos , especialmente as mulheres, lutarem pela sua dignidade num mundo, e neste caso num país, em que pessoas de todos os "quadrantes" dizem, de sorriso na boca,"entre marido e mulher não metas a colher" e certamente deixaria de haver Vítimas. Ou talvez não! Mas alguma coisa deve ser feita e mudar a lei é já um bom princípio, nunca descurando a outra violência doméstica que tão bem apelida de abjecta, tão abjecta como a de gênero...
Esta é a minha opinião, e vale o que vale.
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De Laura a 02.09.2008 às 19:57

À cabeça, fico sensibilizada com o seu post e reconheço nele a 'representação' que faço da pessoa de FJV ...
Ou seja, não me espanta nada que nem consiga perceber muito bem como funcionam as teias primitivas , neuróticas e brutais que levam à violência do homem sobre a mulher sorry , mas é a regra que conta).
Mais: - que levam não apenas à perpetração da violência como à impossível liberdade de a contrariar ou de se lhe opor, pelo lado de quem sofre a agressão.
Eu tb . nunca fui vítima disso nem tão pouco assisti jamais a actos semelhantes na minha proximidade. Mas ouço, conheço casos e sou capaz de 'reconhecer' neles a veracidade das nódoas negras, a inquestionabilidade dos registos hospitalares, a verosimilhança das contradições emocionais nos relatos das vítimas.

Acho que o seu erro é supor que a liberdade de evitar ou 'terminar' o acto violento existe, quando nos casos em apreço, justamente, ela não existe mesmo.

Tudo o que disse se aplica exactamente nos mesmos termos à violência psicológica, onde as mulheres são mais uma vez o grosso das cifras (negras!).
Mas se esta é difícil de provar em contexto de trabalho ( e acaba de ser tipificada) imagine-se em ambiente doméstico...

PS- Subscrevo em absoluto a necessidade de fazer uma leitura alargada do conceito de violência doméstica.
Todas elas são práticas velhas e ancestrais, quaisquer que sejam as vítimas.
Ponhamos as "barbas de molho" quanto ao caso específico dos velhos...
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De henedina a 04.09.2008 às 00:53

Já tinha visto este post e achei que era tão previsível que eu escrevesse um comentário que resolvi contrariar a previsibilidade.
Mas os comentários estão violentos, quase exigem prisão preventiva. Não é um post completamente feliz mas cada um expressa o que lhe vai dentro, e depois discute mas calma!
A violência doméstica entre homem e mulher é um caso complexo e simples. Ex: se ele é alcoólico se ainda não lhe bateu... vai bater. Se lhe dá bofetadas porque "gosta muito de si, e é ciumento quando namora", não case com ele é claro que lhe vai bater.
Se quando o contraria, tem pouca expressão verbal e fica furioso com isso e lhe ergue a mão e vira e dá murros na parede, um dia a parede vai ser a sua cara. Se não lhe permite escolher a roupa, não lhe permite sair, vigia o TM e tem conflitos só de olharem para si...claro que "o seu namorado lhe está a mostrar amor" e tanto que é melhor não ter mais desse. Depois há os complicados, relações de dependência emocional que essas ninguém está livre de um dia ter, mas como eu costumo dizer as mulheres o primeiro passo para não seres maltratada é teres estudos, inteligência , saber, independência económica. E estar dependente economicamente de um homem é pôr-se a jeito para o abuso. E se já estás na violência , levanta a cabeça, vira-te, e agredi-lo . Fá-lo com a cabeça fria, só com ele, tendo perto alguém que te possa ajudar e olhando nos olhos sem medo e que ele se convença que atingiste um limite e se ele volta a tocar ele corre perigo.
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De Zé da Burra o Alentejano a 04.09.2008 às 15:01

No blogue http://horamadeira.blogs.sapo.pt/270279.html
aparece uma estatística muito interessante cuja visita aconselho, só foi pena eu não ter conseguido comentar, mas vou fazê-lo aqui para quem tiver a curiosidade de visitar o blogue ir preparado:

- Se em Janº houver 1 ocorrência e em Fevº 2 houve um aumento de 100%;
- Se em Janº houver 10 ocorrências e em Fevº 15 houve apenas um aumento de 50%.

Pela leitura das percentagens o 1.º caso era muito pior, no entanto no 2.º houve mais 4 ocorrências. Assim não vale a pena indicar percentagens.

Zé da Burra o Alentejano

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