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Se há uma coisa digna no nosso “amor à raça” é misturá-la alegremente e sem grandes debates. Casámos bastante pelo mundo fora desde o século XVI – e a excepção cabe a períodos de decadência fatal em que ficámos reduzidos ao rectângulo europeu ou vivemos isolados dos outros. Os dados do Instituto Nacional de Estatística, por exemplo, dizem que os casamentos com imigrantes duplicaram nos últimos cinco anos, o que deve incomodar os “puristas da raça”. Ora, a “nossa raça” é impura, felizmente – como os nossos apetites e os nossos desejos. Camões, que serviu para ilustrar a ideologia da “raça”, pintou-nos dessa forma: ele sabia que a “nossa raça” era impura, imoral, e muito disponível para o que os especialistas em demografia chamam “cruzamentos”; não – é mesmo misturança.
[Da coluna do Correio da Manhã.]
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