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Multiculturalismo.

por FJV, em 22.07.08

Passados alguns dias sobre o episódio da Quinta da Fonte, convém relembrar  – para lá da pedagogia do multiculturalismo que está agora a fazer-se pelas ruas – que: 1) foram feitos disparos no meio da rua, segundo imagens transmitidas pelas televisões; 2) as reportagens incluiram abundantes provas de posse ilegal de armas, prática e incitamento à prática de racismo, sem falar de suspeitas sobre tráfico de droga; 3) não se compreende que não tenham sido investigados eventuais abusos em relação ao rendimento mínimo garantido e à recusa em pagar 4,5€ de renda de casa; 4) a questão, aqui, não tem a ver com o multiculturalismo mas com questões básicas de segurança e de cumprimento da lei. 

O argumento multicultural tem servido para manter grupos numerosos de imigrantes legais e ilegais em guetos inqualificáveis, onde não há lei, não há segurança e  – portanto – não há Estado nem República. Aí, onde a autoridade do Estado se ausenta, nasce a lei da terra de ninguém, ou seja, a de quem tem mais e melhores armas e de quem consegue impor a sua vontade pela violência e pela intimidação. As vítimas não são as comunidades mas sim pessoas que não conseguem viver em paz, que não deixam os filhos sair à rua com medo de cairem nas cadeias de tráfico de droga e que não podem queixar-se à polícia. Isto explicar-se-ia mais facilmente se os teóricos do multiculturalismo andassem mais de transportes públicos e passassem umas noites nas ruas da Quinta da Fonte ou no Casal de São Brás.

Depois, não compreendo o argumento do respeito pelas suas «tradições, culturas e formas de ser diferentes». Nada a ver com isto. Agredir mulheres no meio da rua ou fazer disparos com armas de fogo não tem a ver com «tradições, culturas e formas de ser diferentes». Para mim, são portugueses. Devem ser vistos como portugueses. A começar por cumprirem a lei.

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5 comentários

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De amaral.madalena6@gmail.com a 22.07.2008 às 00:56

É isso mesmo! comportem-se!
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De Paulo Guedes da Silva a 22.07.2008 às 03:12

Tomei a liberdade de "linkar" este post em http://pauloguedesdasilva.blogspot.com/
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De Ogait a 22.07.2008 às 19:29

Eu também não compreendo o argumento do respeito pelas "tradições, culturas e formas de ser diferentes". Mas, Francisco (perdoe-me o tutoyer "), creio que ninguém de bom-senso utilizaria esse argumento como pretexto para desculpabilizar o sucedido. Nem me parece que o argumento do multi-culturalismo sirva para justificar guetos sem lei, ao invés, serve precisamente o propósito inverso. Uma política de separação de ciganos de pretos de amarelos de brancos de tripeiros de lampiões de lagartos de alcantarenses de alfamenses de novos ricos de pensionistas é que contribuiria para guetos muito mais perigosos. Concordo inteiramente que haja investigação sobre abusos ao rendimento mínimo garantido, mas não entendo o que possam esses eventuais abusos ter contribuído para os disparos. Não se pode exigir às políticas sociais que resolvam todos os problemas de delinquência e criminalidade. E pressinto (com o meu limitadíssimo conhecimento destas questões) que a ausência de políticas sociais, que muitos pretendem justificar sempre que aparece, em bairros problemáticos, um caso de polícia (como o Francisco classifica (e bem)), isso sim agravaria o problema.
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De jmmtc a 31.07.2008 às 00:37

Casal de São Brás!

Por acaso já por lá passou ou conhece o Casal de São Brás?

Que coisa absurda.
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De nuno granja a 04.08.2008 às 16:59

um excelente post que refere o essencial



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