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Choque tecnológico.

por FJV, em 18.07.08

Há dias, o ministro da Cultura prometeu que iria digitalizar todo o espólio de Jorge de Sena para que fique “ao alcance de todos os portugueses”. Há semelhantes propostas em relação ao espólio de Fernando Pessoa, evidentemente. Em breve alguém prometerá a digitalização do espólio de Teixeira de Pascoaes, de Vitorino Nemésio ou de Vergílio Ferreira. A febre digitalizadora promete ser democrática e vital para a cultura portuguesa – mas não é. Na verdade, Sena continua a ser ignorado enquanto autor impresso e Pascoaes, Nemésio ou Vergílio afastados da escola secundária. O ‘choque tecnológico’ pode disponibilizar os papéis dos escritores, antes apenas acessíveis aos investigadores e estudiosos – mas não providencia nem mais leitores nem mais leitura. É a tentação dos novos-ricos.

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22 comentários

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De Isabela a 18.07.2008 às 14:47

V ergílio Ferreira saiu do programa de Português do 12º, embora se mantenha, com carácter opcional no de 7º.
Pascoaes passa com dificuldade até ao nono, mesmo em texto curto, o mesmo em relação ao Nemésio. A hipótese seria sempre o secundário, mas o secundário está atufulhado de texto utilitário, porque o que interessa é comunicar, não pensar. São as ordens. Praticamente não há literatura no Secundário, mas Português. Isto porque a Literatura não dá para nada, não tem saídas profissionais, etc., e do que o país precisa é de técnicos de informática, gestores, médicos e não sei quê, como se se pudesse chegar a ser um bom profissional sem passar pela reflexão humana, total, que a literatura proporciona. Um país sem literatura é um país perdido. Em alternativa, criou-se o Plano Nacional de Leitura, com o qual concordo, mas vamos ver. É que não há dinheiro para livros.
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De Cátia a 18.07.2008 às 16:33

As obras de Vergílio Ferreira fazem parte das listas do Plano Nacional de Leitura, lá pelo meio de n títulos... O autor pode nem chegar a ser referenciado na escola... Além de que jovens do secundário têm mais capacidade e maturidade para compreenderem as suas obras.

É lamnetável terem tirado a "Aparição" do programa do secundário. E ninguém me convesse que o motivo seja mudar para melhor, parece facilitismo puro.

Teixeira de Pascoaes, de Vitorino Nemésio, entre tantos outros (inclusivé Alexandre Herculano), nunca ouvi falar deles ao longo do percurso pelo ensino superio público «pré-universitário».

Vários aspectos apontam para a sensação de que o Estado português pretenderque apenas uma elite tenha interesse e conhecimento cultural (e não só).
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De Cátia a 18.07.2008 às 16:35

Corrigido:

Teixeira de Pascoaes, de Vitorino Nemésio, entre tantos outros (inclusivé Alexandre Herculano), nunca ouvi falar deles ao longo do percurso pelo ensino público «pré-universitário».

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