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A senhora Condessa.

por FJV, em 19.06.08

Cansado e com insónias, redescubro sempre os livros que me tranquilizam. Ontem foi Os Maias de novo. A velha escola explica o fascínio pelo livro: os personagens, os diálogos, as cenas, o fio da navalha. Podia ser A Grande Arte ou O Monte dos Vendavais (redescobri a velha edição Romano Torres, cheia de anacronismos) enquanto espero que a Antígona faça a reedição do Tristram Shandy num só volume. Podia ser A Cidade e as Serras, que me ilumina e reconforta muito mais. Ou Memórias Póstumas de Brás Cubas, que chama pelo riso. E, ao voltar as páginas, elogio sempre a senhora Condessa de Gouvarinho. Tenho por ela uma secreta admiração; é uma personagem injustiçada pelo machismo de Eça. Na verdade, destinada a distrair Carlos da Maia do seu tédio mortal (mas é ela que toma a dianteira, que decide, que seduz), a senhora Condessa dava, por si só, um romance, arrastando aquele perfume de verbena, os vabelos ruivos, a vontade de trair e de ir expiar os seus pecados à igreja de Santos. Ela e Craft, à distância, com a música de Cruges em fundo, podiam ser dois personagens fatais. Na verdade, são dois personagens fatais.

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4 comentários

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De Ler a 19.06.2008 às 14:31

Nenhuma. Mas os dois seriam extraordinários, se se conhecessem e se Craft não fosse ligeiramente misógino.

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