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Praça das Flores, 2.

por FJV, em 10.06.08

 

Dizem-me que, depois de a marca de automóveis retirar da Praça das Flores, o jardim ficará melhor, haverá obras e requalificação, tudo pago pela Skoda (porque a CML não tem dinheiro). É isto um preço bem pago pelo uso do espaço público? Tema para debate.

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19 comentários

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De Ricardo a 10.06.2008 às 14:34

É. Tal como foi com os jardins do Espelho d'Água , que só existem - e ainda bem - porque o Corte Ingles os pagou. Pena que não façam o mesmo com a Praça de Espanha, com o Campo Grande, etc...
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De MN a 10.06.2008 às 16:25

É a nossa sina, uma espécie de meretrício para não morrermos à míngua. Veja o caso da Casa Fernando Pessoa: ainda há pouco se queixava a Inês Pedrosa de lhe faltarem as verbas para pôr aquilo a mexer a sério. Talvez fosse possível mobilizar o interesse de uma marca de automóveis para lá promover um qualquer evento. A Chevrolet, por exemplo. Afinal o Álvaro de Campos andou ao volante de um desses automóveis pela estrada de Sintra, ao luar e ao sonho, etc., etc. Enfim, não seria muito indigno...
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De Torquato da Luz a 10.06.2008 às 16:53

Debate? Que debate? Não há pachorra, depois de uma semana a suportar a desvergonha - e, ao que parece, com mais dez dias pela frente.
Era bom que os responsáveis pela façanha fossem obrigados a provar o veneno que produziram. Mas certamente moram longe. E ou muito me engano ou o crime da Praça das Flores não só vai ficar impune como servir de balão de ensaio para outras zonas da cidade.
Há certos zés que nos fazem tanta falta como uma viola num enterro.
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De Rui Pedro a 11.06.2008 às 14:12

Infelizmente, parece-me que a questão não é se será essa a melhor alternativa - mas se há outra. As câmaras estão falidas. A deLeiria, onde eu moro, por exemplo, há dois anos que não disponibiliza verbas para a biblioteca comprar livros.
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De João Cunha a 11.06.2008 às 14:30

Ó amigo Rui Pedro, as câmaras estão falidas e então "prostituem-se" desta maneira!
Como as famílias estão todas falidas, é ver os cônjuges a fazerem contas para saberem quantos preservativos têm de gastar para pagar o crédito à habitação.
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De Um preciosismo a 11.06.2008 às 15:17

Neste particularíssimo tema, tenho ouvido que sem preservativo traz maiores rendimentos.

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De jt a 11.06.2008 às 15:20

Claro que não se justifica. Tanto quanto sei houve pessoas que tiveram de se identificar para entrar em casa! Isto não é aceitável.
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De Rui Pedro a 11.06.2008 às 15:42

João,

Não estou a elogiar o esquema (e sim, o propósito de muita prostituição está ligado a falências várias). Ele é simplesmente consequência do entalanço a que vários anos de irresponsabilidade das câmaras nos levaram. E estes desenrasques não são de agora: aqui em Leiria (a câmara está endividada para as próximas décadas por causa da porra do estádio), só para dar um exemplo, um campo de treinos que serve várias modalidades desportivas esteve ocupado durante uma data de tempo com um stand de automóveis usados. Ninguém se queixou muito (até porque o pessoal gosta mais de carros que de atletismo).

Para muito boa gente - não toda a gente, sublinho -, sobretudo alguns que de forma encarniçada até defendem a mãozinha dos privados em tudo, este problema só é problema porque no cerne dele está um vereador do Bloco de Esquerda (já só falta dizerem que é dele a culpa do bonito estado a que chegaram as finanças).

Como referi no comentário em cima, a biblioteca aqui de Leiria há dois anos que não compra livros novos. Se houvesse a possibilidade de trocar a ocupação do espaço por privados durante duas semanas em troca de verbas para um ano de livros novos, eu, como utente, aceitá-lo-ia. É triste, não é? Nisso creio que estamos de acordo.
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De Laura a 11.06.2008 às 19:29

É o princípio do utilizador-pagador. Não está mal.
Para bem ser, deveriam recuperar os jardins E AINDA, por exemplo, as fachadas dos prédios (uma pintura ou coisa assim?)
Ganhava a cidade e os moradores concretamente afectados.
Um justo equilíbrio.

O meu contributo para o debate:
Talvez fosse melhor acordarmos para a realidade, sobretudo a realidade que está para além do que temos plantado à frente dos olhos.
- PREFIRO 1000 VEZES ESTAS CONCESSÕES FEITAS ÀS CLARAS (neste caso, tb. que remédio...) DO QUE AQUELAS QUE PROLIFERAM NESTE PAÍS EM NOME DO INTERESSE COLECTIVO E QUE NINGUÉM CONHECE! OU SE CONHECE NEM SABE QUEM FICA A GANHAR.
- Topam?
Não é exactamente o "don't criticize, legalize", mas a ideia é que isto é apenas a ponta do icebergue da corrupção que nos mina, seriamente e há muito tempo.
Não podemos só fechar portas.
Mais vale permitir (encorajar até!) algumas saídas para "proteger" aqueles que precisam delas no governo da coisa pública, sem quererem propriamente engrossar as hostes de Ali Bá Bá... do que ignorar totalitariamente o fenómeno.
Esse virar as costas a estes novos modelos de troca é pura e simplesmente PROTEGER A FALTA DE TRANSPARÊNCIA.
Se a cooperação público-privada tem de existir cada vez mais num Estado sustentável, é melhor que seja assim, sem hipocrisias, à luz do dia, com controlo e participação públicos.
(A propósito: a CML publicitou activamente os termos do acordo? Se não o fez, devia. Em nome da naturalidade e do dever de informação).
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De Laura a 11.06.2008 às 19:41

PS-
1 - Não sou do BE!

2- Odeio tanto a falta de princípios como odeio a falta de sentido das realidades (a noção dos meios, sem os quais é impossível concretizar os fins que sufragámos).

3- Tenho vergonha da corrupção no meu País.
Sempre que alguém quer fazer alguma coisa contra.......lerpa.

4- Somos "papados" alegremente todos os dias.
E não é pela Skoda.
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De AG a 11.06.2008 às 19:59

Toda esta situação pode constituir exemplo de várias questões a considerar de futuro, até porque, se preparam eventos semelhantes para vários jardins de Lisboa.
1. Há espaços públicos, e espaços públicos. Este jardim em concreto, é um jardim pequeno, utilizado por moradores e não moradores, mas que em nada se assemelha ao jardim, por exemplo do Campo Grande, ou mesmo da Estrela. Dadas as suas dimutas dimensões, qualquer evento deste tipo exige que a Praça seja vedada - impedindo a livre circulação dos moradores - que todo o espaço seja retirado aos utentes, que qualquer instalação de som, e asua propagação, sejam impossíveis de limitar ao espaço, afectando portanto os moradores todas as noites, das 17h00 às 01h00, sem que lhes seja possível optar por NÃO ouvir.
2- A decisão desa ocupação, foi feita por despacho, sem que os demais vereadores da CML fossem consultados ou sequer informados.
3- Os moradores tiveram conhecimento do que se preparava, não através da Junta de Freguesia, ou da CML, mas sim do particular que "alugou" o espaço.
4- Os moradores tentaram por todos os meios ao seu alcance, demonstrar o seu descontentamento, sem que os responsáveis na CML pela decisão de negociar este evento, tivessem em consideração as queixas dos moradores.
5- A Junta de Freguesia, informada de que se preparava o evento, deu o se acordo sem o tornar público em edital.
6- As obras de recuperação do jardim exigiam apenas limpeza, pintura e colocação de relva, o que não representa de modo algum os 150.000 euros que a CML irá receber, pelo que, se poderá questionar, como questiono como morador na zona, porque estou eu a pagar com a falta do meu sossego e privação da liberdade de utilização da minha rua, durante mais de 15 dias, outras necessidades de uma autarquia, para a qual já desconto impostos visto morar junto de um jardim?
7- Considerando toda a recente polémica em volta dos combustíveis, da ocupação desenfreada de Lisboa por veículos privados, poderá questionar-se ainda, a decisão de um responsável pelo pelouro do ambiente, de ajudar a promover a venda de mais veículos.
8- Finalmente, toda esta situação poderia e deveria ter sido conduzida de outra forma, até mesmo politicamente, se se tivesse começado por apresentar a questão aos moradores, como exemplo de solução possível, ou não (caso os moradores discordassem), demonstrando uma próximidade e preocupação com quem elege os seus representantes.
Alguém não pensou duas vezes e alguém já devia ter vindo a público, humildemente, reconhecer que errou.

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