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Cabeça a prémio.

por FJV, em 08.06.08

O título deste post é Cabeça a Prémio porque esse é o título do livro que está à minha frente, um livro de Marçal Aquino. Podia ser Televisão. Normalmente uso a televisão como um electrodoméstico vulgar, bom para ver algumas coisas de informação, séries no Cabo, alguns filmes e desporto. Graças ao Euro, passei duas noites a vaguear entre «canais generalistas», portugueses e estrangeiros. Lembro-me sempre, e isto não tem nada de snob, do género «que horror que anda a nossa televisão», da tirada de Paulo Francis quando, chegado ao Brasil, passou um tempo a ver televisão e declarou, no «Manhattan Connection»: «Declaro-me tecnicamente morto.» Estou tecnicamente sem reacção. Vi dois minutos de cada uma das telenovelas da TVI, as portuguesas, e fiquei sem reacção. Vi uns minutos de um suposto espectáculo sobre «talentos» na RTP, e fiquei sem reacção. Vi, por uns minutos, uns rapazes na SIC Radical a imaginarem ter graça sobre já não sei o quê. Uma coisa chamada PortoCanal transmitia um debate sobre futebol, a SIC Notícias anunciava futebol para daí a bocado, e acabei por parar num canal francês onde a reportagem captava uns rostos vagamente familiares, pertencentes a uns corpos que estavam aos saltos em Neuchâtel, a dizer «Portugaaaale, Portugaaaale», e o pivot sorria, com aquele ar, vocês sabem. Cabeça a prémio. Tenho a cabeça a prémio.

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2 comentários

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De Alexandre a 10.06.2008 às 01:19

Uma das vantagens de já não ver televisão é a de que perco todo e qualquer sobressalto social. Desse modo, acho que devo ter sido um dos únicos portugueses à face do país a não ver o video do telemóvel do Porto, a ficar temeroso com a onda de carjacking que aparentemente assolou o território ou a ficar indignado com o aquilo que a SIC terá dito da internet e dos blogues.

Curiosamente, tudo o que venho a saber dessas bolhas de indignação que de quando em vez empolam e pustulam na cara da sociedade sei-o através de outros blogues que leio mais ou menos regularmente, do Público, ou através das bancas de jornais onde o compro (sei, por exemplo, muito mais do que quereria saber sobre os amores do Cristiano Ronaldo ou sobre quem é que anda agora com quem porque não posso de deixar de olhar para as capas da revistas cor-de-rosa e afins - é mais forte do que eu, é um misto de horror e fascínio que não falha nunca, por exemplo, em me engodar a vista para as gordas do 24 horas).

Não vendo televisão, constato que sou um cidadão bem mais calmo e menos sobressaltado - logo, a teoria que a televisão é o novo ópio do povo parece-me cada vez menos credível.

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