Parece que, em Moscavide, aconteceu o absurdo: um homem de 20 anos dirige-se à esquadra da polícia para queixar-se de uma agressão de que fora vítima. Uma pessoa espera sentir-se a salvo dentro de uma esquadra. Não foi o caso – os agressores entraram na esquadra e completaram o serviço com mais pancada à discrição. A ser verdade que isto aconteceu às portas de Lisboa, trata-se de uma bela encenação que merece uma explicação do ministro da Administração. Escrevo «a ser verdade» porque não me parece crível que dentro da esquadra estivesse apenas um agente, um solitário agente da polícia, incapaz de repelir o assalto de um bando de energúmenos. O comando da PSP de Lisboa explica que havia muitas pessoas na rua e que as temperaturas estavam elevadas – de modo que ficou apenas um agente na esquadra. É uma explicação confortável e aceitável. Quando chegar o Verão e houver ainda mais gente nas ruas de Moscavide, a esquadra vai ser entregue a um grupo de baile. Está na cara.
[Da coluna do Correio da Manhã.]