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Se isso acontecer.

por FJV, em 22.04.08
Se Manuela Ferreira Leite se candidatar à presidência do PSD, é provável e desejável que ganhe, até para acabar de vez com epifenómenos rasantes que têm ocupado mais espaço do que algumas vez teriam em circunstâncias normais. Circunstâncias normais e com cabeça.

Eduardo Pitta vaticina-lhe não só a oposição febril de Santana Lopes como, também, um desaire com pouca glória: «A senhora arrisca um desaire estrondoso.» Isto porque Manuela teria a boa-vontade e os votos da blogosfera, das elites e dos comentadores -- mas não os votos do maralhal. Ora, acontece que «o maralhal» já devia ter aprendido (não sei se aprendeu) com Santana Lopes e com Menezes o que valem os pantomineiros na política. E, se não aprendeu, então merece mais seis, dez anos de castigo, com Ribau Esteves e Gomes da Silva a dançar em redor do líder mais que putativo, uma mistura de Ângelo Correia, Santana e Meneses, para não referir Pedro Passos Coelho.
Pode brincar-se várias vezes ao ressentimento. O ressentimento conduziu Santana ao despautério, tanto no governo como na triste e patética campanha eleitoral que nos obrigou a assistir, engripado e rodeado de ausentes. O ressentimento contra a «ausência de elites» conduziu Menezes à presidência, e foi isto. Por isso, pode brincar-se várias vezes ao ressentimento, mas não sempre. É por isso que a candidatura de Manuela Ferreira Leite tem uma carga de compensação por esse abandono e por essas ausências; por mais delírio entre as massas que provoquem os nomes de Santana ou Menezes, trata-se das massas do partido. As massas do partido podem, por desfastio, querer um pirotécnico a participar nos jantares das concelhias ou distritais; mas não gostam de ver esses cavalheiros e a sua gentinha, promovida da JSD às direcções, no governo. E, se gostarem, então desfaçam o partido e juntem-se todos numa discoteca de Ílhavo. É o mínimo.
Por isso, a desvalorização penitencial de Manuela Ferreira Leite é perigosa para o próprio sistema político, por mais gozo que dê, vista de fora. A sua eleição significaria o regresso da política com gente. Seja em que partido for.

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6 comentários

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De Oh, le Loup a 22.04.2008 às 10:31

Não concordo.
Acho até vulgares e forçados os ajuizamentos sobre PSL ou LFM.
Entendo até ser gracioso que recorra a esse argumento - o ressentimento, quando parece ser essa assanhada perseguição por ele motivada.
E acrescento: parece-me um fetiche muito estimado pelos cronistas e pelos pensantes comentadores, acabou-se a sensibilidade para criticar o governo e critica-se a oposição? À espera de quê? Do efeito de ricochete?
Tiros no pé, FJV, é o que é...
Você e o Pitta e toda a frente de combate estão desorientados. Pois, orientem-se, porque isto é deitar tempo e leitura ao lixo.
A não ser que também isso estimem...

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