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Eterna juventude.

por FJV, em 11.04.08

O presidente da República acha que há uma “obsessão” das empresas “sobre o contínuo rejuvenescimento dos seus trabalhadores”. A declaração merece ser retida – e aplaudida. Na verdade, não se trata apenas das empresas, em sentido geral. A ideia de “juventude” transfigura toda a gente mas ainda ninguém teve a coragem de dizer o óbvio, e o óbvio é isto: à juventude falta idade, bom-senso e muito conhecimento e experiência. A “ideologia da juventude”, ensinada desde cedo e difundida como se fosse uma obrigação inevitável, tem conduzido a erros de perspectiva pouco saudáveis. A sociedade portuguesa corre o risco de se transformar num jardim de infância onde nunca se passa da adolescência, enquanto se escondem os velhos e se desvaloriza a sua palavra. Daqui a alguns anos voltaremos à Idade Média, onde a esperança média de vida andava pelos 40 anos; a partir dessa altura devemos desaparecer por decreto para dar lugar a bandos de adolescentes decorados de piercings.

[Da coluna do Correio da Manhã.]

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4 comentários

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De rxc a 12.04.2008 às 11:19

"Pretende-se jovem dinâmico e empreendedor, até aos 30 anos, para vaga em ...". O que diríamos se a caracterização fosse, não sobre a idade, mas sobre a sua raça, credo, orientação sexual, cor de olhos, etc. Aí levantaria-se o Carmo e a Trindade, que estavam a ser discriminatórios. Esta sociedade parece ter-se esquecido que os jovens não o são eternamente e que, se defende e muito bem contra discriminações de raça e afins, também deveria defender contra discriminações de idade. É que o jovem que hoje tem o emprego por esse facto, vai ser o homem de meia idade que amanhã estará no desemprego por já não o ser.
A menos que queiramos construir uma sociedade apenas para alguns...

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