Pergunta o
Eduardo Pitta, a propósito do
caso Carolina Michäelis: «Onde é que está a novidade?» Precisamente aí, Eduardo. Ao contrário de
Laranja Mecânica, pelo menos, este não é «
o resultado de um sistema que exclui largas franjas da sociedade». Nada a ver. É o caso de
um sistema que absorveu todos os vícios de todas as franjas da sociedade. Não, não é na Cova da Moura, para onde «
o sistema» enviaria polícias com
medo de alterações na ordem pública; é
no Carolina Michäelis, se me posso explicar assim, onde em Dezembro passado uma aluna agrediu uma professora por esta lhe ter dado negativa,
para não falarmos de outros casos. Pode não se ser sociólogo para compreender estatísticas, mas a ideia é simples e o Manuel Jorge Marmelo escreve-a de forma clara
neste post. Pode não haver
novidade em relação ao fenómeno, à violência, ao
bullying entre estudantes e contra professores; mas não creio que baste considerar que é inevitável a nossa entrada no cosmopolita mundo das agressões dentro das escolas.
Compreendo a ideia: não vale a pena fazer escândalo, só porque isto acontece a cada passo. Se é assim, de acordo.
Por outro lado, não vejo como o governo deva ser ouvido no parlamento a propósito disto. Levar a ministra ao parlamento por este caso é, naturalmente, um exagero; tudo devia ser resolvido na própria escola, com recurso a um processo disciplinar simples. Tirar conclusões sobre o sistema de ensino a propósito de uma aluna que agride uma professora e de um grupo de vândalos que lhe chama
velha é, manifestamente, exorbitar. Mas trata-se de um retrato que não vale a pena desvalorizar.