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De facto, todos falamos de educação, 2.

por FJV, em 21.03.08
Escreve Gabriel Mithá Ribeiro nos comentários ao post anterior:

«Lecciono desde 1991 e cedo ficou claro para mim, como provavelmente para a maior parte dos professores do ensino não superior, que os dois maiores problemas do sistema são a indisciplina e o facilitismo. A questão arrasta-se porque o discurso político e público em geral (mas especialmente o primeiro) insistem em inventar outros problemas ou transformar, por incompetência, questões laterais em essenciais (como é o caso do ECD, das aulas de substituição, etc.). Essa incapacidade doentia em pensar o sistema a partir dele próprio é que fez com que, na última década, se fossem sucedendo medidas que agravam até ao absurdo esses problemas: manutenção do número máximo de alunos por turma, «invenção» de áreas curriculares absurdas - «área de projecto», «estudo acompanhado» ou «formação cívica» -, aulas de 90 minutos, incapacidade de se perceber o valor estratégico dos exames nas políticas educativas, ou o ataque, desde 2005, à dignidade dos docentes sem se perceber que, independentemente dos dinheiros, estão a degradar-se ainda mais as réstias simbólicas que permitiam salvar alguma coisa. E como são problemas estruturais, o pior é debatê-los em cima dos factos para ver quem leva a taça. Se há área da política muito mal servida há décadas, e com sucessivos agravamentos, é a da educação. Tinha escrito em 2003 «A pedagogia da avestruz» e em 2007 foi a vez d'«A lógica dos burros». Esse parece-me, infelizmente, o sentido evolutivo da espécie. É a triste realidade.»

 
Gabriel Mithá Ribeiro é autor dos livros A Pedagogia da Avestruz e A Lógica dos Burros. Nasceu em Moçambique em 1965, é professor do ensino secundário.

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1 comentário

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De Mónica a 22.03.2008 às 12:24

concordo com o seu diagnóstico ( fico na dúvida se concordo no resto) e afirmo que para resolver esses problemas é preciso muito mais, e muito menos, que políticas ministeriais . porque se há uma parte importante, no que toca à disciplina, que vem de casa, os professores não podem fugir ao facto de parte lhes caber a eles também. acho que todos que temos filhos, e ainda por cima filhos da escola pública, podemos falar um pouco disto, sim.

como é que em nossa casa lidamos com um adolescente que usa o telemóvel indevidamente? arrancamos-lho da mão?

tive um filho que foi 3 anos aluno de uma professora que batia aos seus alunos: crianças de 6, 7, 8 anos que iam ao quadro e que tinham dificuldades em fazer contas, por ex, eram abanadas, esbofeteadas e as suas cabeças batidas contra o quadro (apesar de várias denúncias, nada se alterou e quem pode, tirou os filhos dessa escola). como acha que uma criança dessas pode reagir a uma professora mais agressiva logo que tenha um bocado de corpo?

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