Está descontextualizado, eu sei, aquilo que vou contar, mas entendo que, de modo indirecto, vai reflectindo o que se vem passando nas escolas. Há pouco estava num cafézito beirão, bem perto da minha nova casa, para onde me mudei após dez anos em Coimbra; a beber o meu brandy medicinal e a fumar o meu cigarro (sim, finalmente o café "A Celinda", na Sertã, é espaço para fumadores) e a ver a série "Morangos com Açúcar. Tudo isto após a notícia da TVI acerca desta mesma agressão. Ao que parece a tal "Geração Rebelde" está a passar férias em Cabo Verde, retratando com bastante acuidade o que vão sendo as agora típicas viagens de finalistas para o estrangeiro. À parte saídas à noite e suspiros próprios da idade, a cena que mais me deixou surpreendido foi aquela em que, com grande descaramento, uma das personagens femininas, fala com o pai - o presidente do Conselho Directivo da Escola onde estuda -, ao telefone, dizendo-lhe que se está a divertir muito e que ainda está no quarto de hotel , que partilha com as suas amigas. Ao seu lado, o imberbe e audaz namorado, reclinado entre os lençóis, após uma noite de Kizomba. No mínimo, interessante, a fazer esboçar um sorriso de cumplicidade com aqueles dois, compreendendo tudo o que está em jogo em tais alturas, porque tais idades já por todos nós foram vividas. Contudo, é para mim também preocupante que, em pequenos ou grandes pormenores como este, a mentira seja sancionada com uma atitude que a legitima. Ao retratar esta cena, seja ela o verdadeiro retrato do que se passa, não o seja, o certo é que a mesma postula uma conduta, uma atitude que passa agora como legítima. Os "putos" (agora tratam-se todos assim uns aos outros), passaram agora poder mentir, agredir e protestar sem limites. Tudo porque também têm direito a ser Felizes. Contudo, com a Felicidade, a Independência e a Emancipação também vêm deveres. É pena que ninguém lhes lembre disso. Como? Pois... Neste momento, é impossível. A autoridade dos educadores parece ser algo caduco e próprio dos "cotas".