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Estar errado.

por FJV, em 08.03.08
Sobre alguns comentários acerca da posição do Ministério da Educação, convém dizer que a questão não é a de desvalorizar e punir a ministra por estar a ser contestada na rua; digamos que até é um ponto a seu favor. Não ceder à rua é meritório hoje em dia. O problema é outro, completamente diferente: a proposta do ME está errada, cheia de maus critérios. Para os que nunca ou raramente visitam as escolas, ou as conhecem, ou falam com professores, seria melhor ver o que ME fez da vida das escolas e dos bons professores, antes de disparar para os alvos mais à mão para parecerem valentões. Anda tudo de peito cheio a pedir «ponha-os na ordem, senhora ministra».

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5 comentários

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De Anónimo a 09.03.2008 às 08:57

“É o que vai afastar, definitivamente, os maus professores.”
Ah, ah, ah, ah, ah!!!
Eu sou um bom exemplo. Ah, ah, ah! Passo a explicar:
- Não trabalho nem metade daquilo que a esmagadora maioria dos meus colegas trabalha.
- Não perco tempo a preparar aulas, a fazer testes (deixei de os fazer este ano), a organizar visitas de estudo, a colaborar em actividades extracurriculares, etc.
- Dou o maior número possível de notas positivas, para que pais e alunos não me chateiem.
- Preocupo-me, sim, com a burocracia. Graças a isso, sempre que lá vai a inspecção, ofereço-me para ser escrutinado. Os meus colegas agradecem (eles, coitados, pouco tempo têm, e por isso estão sempre inseguros de ter a burocracia em ordem, já que eles fazem coisas realmente), a inspecção elogia e o Conselho Executivo rejubila.
- Nunca falto. Na verdade, ao contrário dos meus colegas, raros são os dias (compreenda-me, os alunos não me chateiam, acham-me um professor porreiro) em que chego cansado ou doente a casa – para onde, aliás, nunca levo trabalho, fazendo o pouco que tenho a fazer na escola, o que tem três vantagens: dou a ideia na escola de que trabalho muito, aumentando o meu prestígio; fico com muito mais tempo livre; e não ponho gratuitamente o espaço familiar e privado da minha casa ao serviço do Ministério da Educação, como os parvos dos meus colegas fazem!
Com tudo isto, mais alguns segredos que não me interessa estar aqui a dar a conhecer, e ainda muita política (que é o que é mais importante agora nas escolas, graças a este governo; não estou, evidentemente, a falar da partidária), consegui:
- Tornar-me professor titular, passando à frente de muitos colegas que trabalharam muitíssimo mais que eu para os alunos, para os pais e para a escola em geral.
- Estar-me borrifando para este sistema de avaliação que, com a sua complexidade e infinidade de documentos (para isso tenho eu jeito e, aliás, diverte-me), só me vai deixar ficar bem visto, ao contrário dos palermas dos meus colegas que gastam as suas energias a tentar ensinar mais e melhor.
- Ficar a avaliar colegas que, não estejamos com falsas modéstias, são muito melhores professores do que eu (está a ver, já estou a preparar-me para que eles, tal como os alunos, também não me chateiem).
Ah, ah, ah, ainda estou a rir-me das patacoadas que você pr’aí escreveu...

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