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Uma coisa por outra.

por FJV, em 28.02.08
Uma equipa de investigadores de uma universidade britânica está a deixar em pânico a indústria farmacêutica, nomeadamente os fabricantes de antidepressivos como o Prozac, o Seroxat ou os genéricos de fluoxetina, que em Portugal vendem cerca de seis milhões de embalagens por ano. O que dizem eles? Que os doentes “moderadamente deprimidos” não notam a diferença entre serem tratados com antidepressivos ou com placebos. O que é um placebo? Tudo. No caso, pode ser um comprimido de água, farinha e açúcar. O importante é que o doente pense que está a tomar um medicamento e que melhorará o seu estado de saúde. O género humano vive de substituições: um amor por outro, um gesto por outro, uma palavra por outra. O importante é que se acredite que a promessa de redenção e de felicidade se mantém, original e intacta. Imaginando que este estudo tem pernas para andar, iremos assistir a outra etapa: psicanalistas, psicólogos e terapeutas terão a vida mais difícil.
[Na coluna do Correio da Manhã.]

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11 comentários

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De Cristina GS a 28.02.2008 às 13:50

"Imaginando que este estudo tem pernas para andar, iremos assistir a outra etapa: psicanalistas, psicólogos e terapeutas terão a vida mais difícil."
Olhe que bom...! Mas duvido que assim venha a ser. Tornaram-se demasiado necessários, nem que seja no imaginário dos outros.
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De teresa a 28.02.2008 às 14:53

Aqui por casa, a agua com farinha já curou muitas dores às minhas crianças...
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De F.L. a 28.02.2008 às 22:02

Numa consulta de clinica geral 85%(!!!) das queixas são do foro psico-somático: "tratáveis com igual sucesso por um bruxo, um médico ou um cartomante, com prozac, aspirina ou farinha
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De papu a 29.02.2008 às 14:42

eu não entendo a histeria da descoberta. O efeito placebo já é conhecido há bastante tempo. há estudos sobre isso. Qualquer médico sabe disso, e tem-no em mente quando prescreve. quanto à depressão, ninguém se "cura" de uma depressão por tomar anti-depressivos . Os a-d apenas eliminam os principais sintomas da linha depressiva. E depois, o que é estar-se "moderadamente deprimido"? Só às 2ª, 4ª e 6ª? Ou se está deprimido, ou não se está. E evidente que há estados depressivos mais graves que outros. Não acredito, p ex, que uma depressão grave (major ou endógena) melhore devido ao efeito placebo . Depois também há que ter em conta que cada caso é um caso: o que resulta com um doente, pode não resultar com outro. e, mais importante que tudo, a medicação é apenas uma parte da terapêutica. A medicação apenas elimina os sintomas mais significativos, para que seja possível ao doente fazer o trabalho psicoterapêutico , que consiste, genericamente, na revitalização dos recursos internos da pessoa necessários à gestão positiva do seu quadro depressivo. Dito de outra forma, ninguém se cura de uma depressão mas é possível desenvolver anticorpos " para lidar com ela. É isso que o trabalho psicoterapêutico faz, onde está incluído o trabalho dos psicanalistas, psicólogos e terapeutas analíticos. se por ter a vida difícil se entende ter mais trabalho, venha ele, acho que é o que todos eles estarão a pensar. Digo eu ;)
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De lili_one a 11.03.2008 às 13:01

A descoberta já vem desde 2000.
Tudo isto é ridículo, mas pior ainda é este ridículo não nos deixar entrever que esta, é o tipo de campanha que os grandes lobbies, desde o mídia aos laboratórios , engendram para "matar" um medicamento que lhes faz grande concorrência.
Há pouco tempo foi o paracetamol que atacava o fígado, ataca, sim, mas teremos de tomar milhares por semana, agora é a flouxetina - Um placebo não elimina a tensão mamária nem alivia a depressão, e eu falo por experiência própia.
http://lili-one.livejournal.com/profile

http://www.netprof.pt/netprof/servlet/getDocumento?id_versao=12974

http://boasaude.uol.com.br/lib/ShowDoc.cfm?LibDocID=3816&ReturnCatID=1786
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De Pedro a 29.02.2008 às 16:22

Suponho que o impacto desta notícia se deve ao facto do estudo ter sido publicado na PLoS Medicine, que é de acesso livre, porque de facto não acrescenta nada ao que já se sabe há muito tempo. As conclusões do artigo recomendam o recurso prioritário à psicoterapia, que não é nada que também não seja defendido há muito tempo -- aliás as recomendações oficiais da respeitadíssima NICE, a instituição britânica que faz as recomendações para o NHS, vão nesse sentido há anos. Também falta dizer que o efeito placebo ocorre com qualquer tipo de doença. E que são comuns as discrepâncias entre as conclusões dos ensaios clínicos e as convicções dos médicos feitas na prática do dia a dia. Caso contrário os antipressivos modernos nunca teriam tido o sucesso que tiveram. Agora, que não curam nada e apenas actuam nos sintomas, é contestável. Ao actuarem sobre os sintomas ajudam as pessoas a sair do círculo vicioso. Não se trata de busca da felicidade, como se diz por aí, mas de sair de estados mentais que podem ter consequência graves na vida duma pessoa.
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De isabel a 29.02.2008 às 20:42

eu, não sendo psiquiatra nem tendo negócios com a indústria farmacêutica, vou pela teoria da substituição: um comprimido por outro.
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De Isabela a 29.02.2008 às 22:24

Bem, isso do moderadamente deprimido será o quê? Andar um bocado chateado? Achar que a vida não corre bem? Nesses casos acho que sim, que o placebo serve lindamente. No que respeita a uma depressão a sério, nem pensar. Uma depressão é coisa grave.

Mas deixa-me contar-te uma história engraçada sobre o efeito placebo. Tenho problemas vulgares de ansiedade. Acontece-me não conseguir dormir quando tenho de me levantar cedo. Nos dias em que tenho de ir trabalhar muito cedo, já sei que é melhor tomar comprimidos para dormir. No outro dia tomei o comprimido da ordem e fiquei à espera do efeito. Uns 20 minutos depois comecei a sentir umas tonturas, um alheamento. Ali estava a droga a subir. Fixe! Mas o sono não vinha. Aquela sensação de que temos mesmo de deitar a cabeça, não dá mais... nada. E, acredita, dormi pouquíssimo nessa noite, porque o comprimido já não estava a fazer o efeito que devia, já tinha causado habituação etc. De manhã percebi. Na noite anterior levara os comprimidos para a mesa da cozinha, mas entretive-me a tirar a roupa da máquina e esqueci-me de os tomar. Regressei à sala convencida de que os tinha ingerido. Chegou para as tonturas, mas para mais que isso não deu. E é pena!
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De filinto a 02.03.2008 às 23:08

A experiência que tenho é que a existência de psicólogos e terapeutas impede o aumento desses medicamentos. Claro que posso ter sido eu a ter sorte. Esqueceu-se de psiquiatras. E serão substituídos pelo quê?´Líderes religiosos?
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De Helena Duarte a 02.03.2008 às 23:31

...onde se lê "(...)iremos assistir a outra etapa: psicanalistas, psicólogos e terapeutas terão a vida mais difícil." dever-se-ia ler médicos de família e afins! Nenhum bom, mais ou menos bom ou até medíocre psicólogo descura o factor placebo "( substância/elemento neutro) e é a optimização das capacidades de cada ser humano que são "trabalhadas", especialmente quando o paciente sofre de coisas como " depressões moderadas"...(vou consultar o meu psi para saber se sofro disso! às vezes sinto-me em baixo=depressão ,mesmo!, às vezes até choro , veja lá!)
Não sei exactamente onde reside a grande nouvelle!!
O nosso cérebro( e não, não é só o de alguns!) funciona por reacções electro -químicas...um beijo imenso pode produzir mais neurotransmissores do que uma grande "pedrada" ! Assim ,porque é que ficamos todos eufóricos com a notícia? Todos os dias construímos os nossos placebos para sobreviver, viver e até viver melhor( um copo de um bom vinho relaxa mais do que um xanax, não???)
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De Jueguitos a 12.07.2008 às 21:21

seria bueno reemplazar las pastillas por otra cosa

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