Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]



Hi5.

por FJV, em 15.02.08
Três milhões e meio de portugueses conheceram-se na internet através do Hi5. Parece-me um manifesto exagero, mas é muito provável que seja verdade. Os portugueses gostam de si mesmos, mas à distância. Quando estão próximos uns dos outros tendem a considerar que a ficção é muito melhor do que a realidade. A estatística apenas me surpreendeu porque passei algum tempo a imaginar o que dirão, uns aos outros, esses três milhões e meio de portugueses; na maior parte dos casos não conhecem o cheiro uns dos outros nem o tom de voz (se é estridente ou amável), nem as mentiras que as pessoas dizem normalmente. Pela internet, no Hi5, conhecem uma fotografia, uma biografia melhorada e os erros ortográficos uns dos outros. Se pensarmos bem, é uma revolução porque corresponde a quase um terço da população. Antes do Hi5 estávamos sós, irremediavelmente sós, sem comunicação, ignorando-nos? Ou já nos conhecíamos mas preferimos a internet porque, ao perto, somos insuportáveis?
No Correio da Manhã de ontem.

Autoria e outros dados (tags, etc)


21 comentários

Sem imagem de perfil

De Jorge Vassalo a 15.02.2008 às 18:09

caro Francisco, é natural que se aumente este epifenómeno. O facto de muita gente ter um perfil no Hi5, Netlog, Fotolog, etc (eu tenho, por acaso~), não forçosamente faz com que se crie laços com ostros "amigos" ou "amigos" de "amigo. Tenho 200 e pico amigos no Hi5. Não tenho 200 e picos amigos. A internet faz no Hi5 o mesmo que faz aqui. Torna possivel conhecer-se quem, por barreiras simples como a rede social, a rotina do dia-a-dia, a teia de conhecimentos, o tempo ou até este acabrunhamento pessimista e fechado tipicamente português não poderia conhecer.

É um facto. Mas não faz com que se Ame, seja de que maneira for, outra pessoa sem que se conheça. Num bar não conheceria, por exemplo, o íntimo de alguém melhor. E uma coisa havia de positivo no tempo da Telnet ou do agora vazio Irc. Não se via as caras, mas via-se muitas vezes os corações....

Agora, mais tarde ou mais cedo, tudo se inverterá. O cheiro, o toque, o sabor, o olhar... tudo isso ainda é muito mais importante. E vital. Um abraço poveiro, esta bela terra onde recentemente esteve.
Sem imagem de perfil

De C a 16.02.2008 às 00:52

Nem mais, e ainda que na net (se os interessados quiserem), depressa se encontram, vêem, falam, ouvem, amam ou não e; tal como diz o nosso anfitrião criador deste blogue, se cheiram. Do virtual ao real visível é um passinho. Querendo.

Comentar post




Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.