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Informação & conspiração, 2.

por FJV, em 03.02.08
Imaginemos o mais extremo dos cenários: a demissão de José Sócrates. E novas eleições. Ganharia as eleições de novo? É provável (o factor Menezes conta...). O que quereria isso dizer? Que os eleitores não são sensíveis a essas notícias. Dir-se-ia, então, que foi tempo perdido. Ou seja, que é tempo perdido avaliar ou conhecer o trajecto dos nossos políticos. Que o homem comum é sempre desculpado, porque o eleitorado gosta de pessoas comuns, aprecia manigâncias, tem um secreto gosto por desenrascados, gente que trata da sua vida. Eu tenho admiração por alguns deles, pantomineiros, gente que subiu a pulso, que enriqueceu ou rompeu com o passado de humildade. Mas não aceito que eles me forneçam, com abundância ou com parcimónia, lições de moral ou exemplos para a minha vida.
Ora, pode acontecer que os eleitores até nem sejam sensíveis a estas notícias sobre José Sócrates. Quer isso dizer que devemos desculpar ou deixar passar os factos como irrelevantes? E, se deixarmos passar os factos como irrelevantes, por que razão nos aborrecemos com a cigarrilha de António Nunes no Casino Estoril, com os presentes oferecidos a um autarca, com o sobrinho nomeado por um ministro ou um gestor público, com uma multa de trânsito desculpada? Não são essas as características do homem comum?

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10 comentários

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De fnv a 03.02.2008 às 10:35

Na mouche.
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De Orlando Nascimento a 03.02.2008 às 13:29

Se os politicos lusos vivessem nos EUA e fosse "descoberto" que tinham sido alcoólicos, como aconteceu com George W. Bush, o que fariam? Isto é um "insulto político e pessoal", como Sócrates comentou as assinaturas a projectos na Beira?
Mandava fechar os jornais? Ou era mais uma cena de perseguição à sua superior pessoa?
Ainda não li as noticias que geraram a polémica, mas, pelo que ouvi, não parece que o jornalista em causa ande a fazer marcação cerrada e INFUNDADA ao chefe de governo...
Apetece citar E. Marchi: "A paciência dos povos é a manjedoura dos tiranos"
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De José Manuel Faria a 03.02.2008 às 13:35

Excelente post. Sócrates está a ser investigado, ainda bem. O PM julga-se um impoluto.
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De bruno a 03.02.2008 às 14:17

Fora este o caso de uma benevolente e, porventura, até madura paciência nossa e ainda seria menos mau. Notemos que a paciência não supõe um desvio face a um futuro valorizado e desejável, antes suporta (e conhece) a lenta gestação dos caminhos e progressos.
Em Portugal, há valores que não parecem "ser possíveis"; e no desencanto face ao futuro, vêm então a caber todos os desencantos possíveis face ao passado.
É por isso que a exemplaridade dos passados é tão necessária - e deve ser, efectivamente, exigível.
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De Snowmass a 03.02.2008 às 15:33

Toda esta temática nos faz lembrar a indiferença daquele marido que afirmou: "mal-comportada, por mal-comportada, fico com esta"!
Claro que podem utilizar linguagem mais "rasteira" para aumentar a veracidade dos factos!
Não o faço porque a minha mãe ainda é do tempo da "outra senhora"; porque esta já nem senhora é!
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De FJV a 03.02.2008 às 16:29

«Pode acontecer que os eleitores até nem sejam sensíveis a estas notícias sobre José Sócrates. Quer isso dizer que devemos desculpar ou deixar passar os factos como irrelevantes? E, se deixarmos passar os factos como irrelevantes, por que razão nos aborrecemos com a cigarrilha de António Nunes no Casino Estoril, com os presentes oferecidos a um autarca, com o sobrinho nomeado por um ministro ou um gestor público, com uma multa de trânsito desculpada?»
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De paulo miranda a 03.02.2008 às 18:22

é verdade, não adiantaria de nada novas eleições, mas receber lições de moral de gente assim...
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De Ana a 03.02.2008 às 18:35

Nesse cenário se o PM José Socrates se demitisse por causa disso, nao se candidataria outra vez. Ganhava de novo o ps, porventura governando até ao novo século.

Mas seria uma pena. É uma pena que os capazes sejam assim destruídos.


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De Ana a 03.02.2008 às 18:43

E os factos sao na verdade mesmo irrelevantes.
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De adolfo contreiras a 04.02.2008 às 18:22

Caro JFV
que tem admiração por gente humilde desenrascada que subiu a pulso pantominando. Vasculhe na genealogia dos que já nasceram e conheceu na alta elite económica e verá por meio de que processos tal família se libertou do passado humilde. Nem a história do homem pode sofrer descontinuidades nem há nada de novo sobre a Terra. É sob a condição de deixar alguma marca no mundo que o homem realiza a sua humanidade.
Quanto ao caso de uma elite cultural não aceitar lições de moral do homem de senso comum, no caso portugês, daria um gostoso compêndio de ética.

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