Também não vejo razão para tanto escândalo em redor das
declarações do bastonário da Ordem dos Advogados, a que o Procurador-Geral r
eagiu tão célere. Em Portugal, ainda mais baratas do que as opiniões (que são de graça na maior parte dos casos), são as acusações. Pode ser-se processado (ou anunciado como processado) por opiniões, o que constitui um absurdo mas um facto a que os tribunais se encarregam de dar a volta. Mas as
acusações são muito solicitadas, até a coberto do anonimato, pela máquina fiscal, pela polícia (na internet), pela administração pública e até pelo anterior presidente da República (ah, sim, eu não ia esquecer). Santana Lopes acusava Canal Caveira de ser o maior centro de corrupção no mapa da pátria; toda a gente lhe pedia: «Diga, diga.» Nada. Saldanha Sanches, nem é preciso lembrar, porque todas as autarquias estão maculadas pelo fantasma da corrupção. Marinho Pinto pôs-se a jeito; vai ter que ir ao parlamento. Vai ser um festival, espera-se. Como é que se chama aquele passe de fintar o touro em plena arena?