Uma coisa é o que pensamos sobre a vida e outra, diferente, é o que ela é. Eu recordo a Linha do Tua, como antes recordava a Linha do Sabor, ou a do Corgo. Viajei em todas elas, lembro as carruagens sujas e velhas, pintadas de verde, de azul e de laranja. Primeiro, acabou uma, depois outra e, finalmente, a do Tua (são essas fotos aí). Uma pessoa compreende os riscos de exploração financeira, o prejuízo nas contas da CP e da Refer, tudo. Mas, «inexplicavelmente», protesta. Tem pena desses retratos que ficam. Das noites em que o comboio se aproximava da estação do Tua (vindo de Bragança) e nunca se sabia se havia ligação na Linha do Douro. Das tempestades ao longo do Tua, naquele eixo que vai de Mirandela ao Cachão. Tal como tem pena das cerejeiras no planalto do Carvalhal, Felgar, Carviçais, quando havia comboio até Duas Igrejas. Ou dos vales de Curalha, no Tâmega, de Carrazedo, no Corgo, da passagem do Alvão. Uma pessoa compreende, mas tem pena.
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continuação de conversa com o
João Villalobos e o
Rui Vasco Neto.
Fotos de Aníbal Gonçalves, Nuno Antunes e António Amorim.