Como se esperava, a reacção teria de ser essa. Na altura dos acontecimentos da Covilhã escrevi
uma crónica sobre Pedro e o Lobo. A vaga de designações era a mesma de sempre: ditadura, fascismo, censura e perseguições. E olha por quem, na maior parte das vezes. Quando chegam outras ameaças mais sérias (a «qualidade» da democracia, a ameaça aos direitos individuais, a fúria legislativa e regulamentar, a coligação entre os interesses do Estado e os interesses das grandes corporações), a ideia é que «isso são protestos da classe média». Não é caso para dizer «pobre país», evidentemente. Mas é caso para relembrar que a liberdade não existe sem
liberais, ou seja, sem pessoas que prezem a liberdade. Ou seja, quando é
a sério, ninguém liga. Mas o mais grave nem é isso. É estarem a adormecer cada vez mais pessoas, e ao mesmo tempo.