


Apesar de tudo,
estas sim, são as melhores fotografias para começar o ano de 2008: chama-se Boekhandel Selexyz Dominicanen, e o José Mário Silva
descobriu-a para nós em Maastricht, na Holanda.
Não são as melhores fotografias por serem realmente surpreendentes, fantásticas, belíssimas. Nem por serem de uma livraria. Nem por serem de uma livraria no interior de uma igreja. Há outra razão, neste mundo todo: a ligação entre a beleza, a tranquilidade, o mundo dos livros e o espaço que eles merecem.
Esse mundo, de vez em quando, é uma sacanice; o
nosso mundo, cá fora, devora-os e gasta-os a uma velocidade filha da mãe, sem ter realmente passado por eles. Se há uma coisa que pode ter melhorado a minha vida ela chama-se «aprender a ser leitor». Ler. Ser leitor. Ser leitor, mais do que ser outra coisa. É uma ocupação inútil, fora isso. Tão inútil que parece vergonha quando nos ocupamos da fusão ou transfusão de um banco, ou quando nos incomodamos com os personagens da vida medíocre que por aí anda. Não sei que melhor refúgio encontrei; não devo ter encontrado. Não em todos os livros, mas nos livros onde encontramos sabedoria, ou conforto, ou energia, ou felicidade, ou alívio, ou tempestades, e que podem ser sempre diferentes em cada noite de insónia ou cada manhã de um novo ano. Talvez o mundo fosse diferente. Talvez o mundo não fosse assim.