||| Gourmandises, 2.É evidente que a existência de uma
ética do «bom gourmand» levanta, só por si, alguns problemas. O Vasco é um «bom
gourmand» e dedica o seu post a pessoas que têm discutido a relação entre os restaurantes e o tabaco (como
eu próprio – além
destes posts, ver
esta série de
três – o
Eduardo Pitta, o
Carlos Loureiro e o
Daniel Oliveira). Eu acho que não sou um «bom
gourmand» no sentido em que a
gourmandise possa supor um estatuto absoluto da comida (seja lá o que isso for) e dos sentidos
directamente «estimulados pela comida». No acto de beber, como no de comer, há uma natureza convivial que o
gourmand pode dispensar em benefício do
acto em si. Não eu. Posso comer sozinho, evidentemente – mas prefiro a mesa de amigos, o jantar em família, o almoço de domingo. Nesse sentido, estou disposto a abdicar de uma série de prerrogativas e exigências do «bom
gourmand»
em benefício dessa natureza convivial. Em última instância, o
gourmand pode ser um «higienista», quase de certeza é um
puro, certamente gosta de impor as suas regras. Em refeições desse género, que às vezes frequento por curiosidade ou dever, sigo as regras e fumo onde me é permitido, sem incomodar ninguém; caso contrário, sigo a minha vida.
[FJV]