||| Liberdade de expressão, 3.«Garcia de Orta e Pedro Nunes, que andaram pelo Oriente com olhos abertos, fazendo o mundo novo. O nosso António José da Silva, o Judeu, ou o italiano Giordano Bruno, ambos queimados em autos-de-fé. Eça de Queiroz indo à Terra Santa e trazendo de lá uma anedota. Bertrand Russel e Woody Allen, pensando ou sorrindo. Esses, crentes ou descrentes, mas todos contribuindo para o mundo que é o meu, onde a religião é um assunto que habita o coração e a inteligência e não os joelhos ou o cu para o ar – aceitando embora que outros a vivam nos joelhos ou de cu para o ar. A minha terra é essa ou não é. Nada me interessa, nem este emprego que me faz viver, se eu não puder dizer que eu, eu, não peço desculpa por um jornal dinamarquês ter publicado desenhos de Maomé.»
Ferreira Fernandes, no Correio da Manhã.