||| Elementos de linguística geral. Duas cousas provincianas -- uma, ridícula, desnecessária e palerma, impensável; outra, já nem sei, mas que tem a ver com linguística, de um lado, e de sensatez do outro. Paneleiros são os autores daqueles versos (tá bem, «menos ais» até é boa ideia).
Bárbaro é este terrorismo dos "ofendidos". A linguagem serve para quê? Só para nos lisonjear-mos uns ao outros?, para sermos muito queridos e delicados, é essa a nossa natureza? Vamos amputar à língua tudo o que seja grosseiro ou agravoso?
Ridículo, desnecessário, palerma, impensável e muito, muito feio é os homossexuais não terem melhor intervenção do que andarem à cata de homofobias para denunciar, e mais feio ainda serem tão pobres de espírito e virem a correr assumir: "Paneleiros? Paneleiros somos nós!", o que só serviu para sobrecarregar a significação do termo.
Quem escreveu os versos é paneleiro? Experimentem substituir a palavra por preto, judeu, marialva, o que vos parecer mais insultuoso, e tentem dizer o mesmo por outras palavras sem que perca o sentido.
Rio com vontade quando se quer travestir o Estado com uma solenidade sisuda, e argumentar que pelo vínculo que existe entre este e a Galp, também a Galp deve ser solenemente sisuda. De disparate em disparate, e não é que Galp se intimida e retira a referência dos versos? Que barbaridade.
Alguém não foi ainda esclarecido que o Estado, sendo constituído por portugueses, para representar Portugal, é a nossa imagem fidelíssima? Por que tem de ser bem-educada esta entidade "abstracta", e as restantes e provincianas bocas podem dar o pior de si?
Menos ais, senhores, menos ais. Sempre os lamentos e as queixinhas, até diria mariquices, mas ainda me cai em cima o Portugal Gay: "Não, não, maricas somos nós!"