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por FJV, em 01.12.05
||| Questões com a literatura.

Temos muitas, demasiadas, frases dentro da cabeça,
é preciso um grande pudor para não usá-las.
Séculos de literatura fizeram de nós apenas isso,
passageiros obedientes, leitores compulsivos,
geógrafos errantes que desconhecem os nomes
entre as montanhas, o que fica no meio das árvores.

Não vale de muito. A vida interrompe as páginas dos livros
como entende, transporta nuvens espessas,
ignora os pardais nas margens dos bosques.

Às vezes acontece qualquer coisa, dizem que a sorte
bateu à porta: uma grande dor que esquece, os filhos
que repetem uma palavra nossa, uma que seja,
um avião que atravessa o céu, iluminado pela manhã.

Temos muitas frases dentro da cabeça, ideias arrumadas,
catálogos. A literatura perdeu-nos para as grandes profissões,
as pequenas esperanças, as bibliotecas de argila,
a poeira da tarde, os livros, as sombras dos caminhos.

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2 comentários

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De sabine a 02.12.2005 às 21:50

Este poema foi escrito por si? Gostei muito. Alia reflexão sobre literatura ao peso certo de cada palavra! ;)

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