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por FJV, em 07.04.06
||| Brasil [Taming the Beast]
A história das absolvições sumárias de envolvidos no mensalão (como João Paulo Cunha, como João Magno -- ou como Gushiken, que aumentou a facturação da sua empresa em 600% e continuando no governo mesmo assim), na Câmara dos Deputados, por obra dos arranjos partidários, é a história do lulismo em toda a sua extensão. Lula conseguiu bater Collor de Mello em todo o campo; no tempo de Collor os envolvidos cairam, as testemunhas eram protegidas; no tempo de Lula, os envolvidos são protegidos («não ataquem os companheiros») e as testemunhas têm medo («Peço ao presidente Lula que não faça nada com meu filho», pediu a mãe do caseiro Nildo, ameaçado pela polícia e com a conta bancária devassada por ordem do ministro Palocci). E conseguir bater Collor de Mello não foi uma tarefa fácil.

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5 comentários

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De Francisco J. V. a 09.04.2006 às 21:56

A Ana Cristina Moreira tem um problema com este blog: quase nunca desmente o que escrevo, mas esforça-se bastante por acreditar que diz coisas muito diferentes. A questão neste post é a palavra «ameaça». Ela diz que não foi ameaçado -- só investigado. Se eu leio o mesmo que a ACM lê, parece-me que quebrar o sigilo bancário de Nildo, expô-lo da forma como se fez, sujeitá-lo à pressão e à coacção pública (a Nildo, não a Buratti, a Palocci, a Dirceu ou a um cidadão com dezenas de advogados) é uma ameaça. Pelo que eu vivi no Brasil, é uma ameaça.
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De enxofre a 08.04.2006 às 02:22

Pois, um leigo que leia este "post" pode até pensar que Portugal é um país desenvolvido, que o Brasil é que é isto e aquilo.

Parece-me que a corrupção aqui é bem pior, está entranhada. Ninguém é preso e, aqueles que são caços, arranjam umas leis que os protejam antes de serem julgados.

Corrupção por todo o lado... até na literatura.
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De ana cristina moreira a 07.04.2006 às 18:30

Continuando e respondendo ao Paulo José Miranda: que sejam os deputados a julgarem-se a si próprios em sede de uma comissão parlamentar não é nenhuma especificidade brasileira. Assim funcionam praticamente todas as democracias. Em Portugal, por exemplo, durante o Governo Durão Barroso, o escândalo das demissões da procuradora Maria José Morgado e mais dois directores da PJ originou uma CPI. No entanto, após ouvirem-se os envolvidos, todos magistrados, e constatar-se que pelo menos um deles mentiu a uma instância do Parlamento que equivale a uma instância judicial (!), decidiu-se extinguir ali aquela Comissão, sem que se apurasse coisa alguma, simplesmente porque o governo tinha a maioria dos votos. Esse escândalo, que, tudo o indica, tem ligações ao Caso Moderna e viria a ter consequências no Caso Casa Pia, passou quase despercebido em Portugal, como se não implicasse, como implicou, violações do Estado de direito. E provocou somente reacções pífias na "imprensa" portuguesa e nenhuma reacção do Ministério Público!!!!
No Brasil, veremos o que acontece, pois agora todos esses parlamentares que foram absolvidos pelo Parlamento (que só fez um julgamento político e não judicial), juntamente com os que foram condenados (cassados), e ainda os que renunciaram antes de serem julgados pelas CPIs, serão todos investigados e certamente indiciados pelo Ministério Público.
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De ana cristina moreira a 07.04.2006 às 17:59

Mais uma vez este blogue conta a história pela metade. É verdade que o governo Lula violou direitos constitucionais de um cidadão, coisa que nem Collor ousou fazer. E, assim, se considerarmos a saúde do Estado de direito no Brasil, é certo que o governo Lula é muito mais pernicioso do que o daquele ex-presidente.
No entanto, ao contrário do que dá a entender o autor deste post, no melhor estilo TV Record (o caseiro "ameaçado" pela polícia, a mãe com medo...), mais uma vez provou-se que o Estado de direito no país é sólido e as instituições que zelam por ele funcionam. Todos fizeram sua parte, da imprensa ao Ministério Público; Palocci foi demitido do governo e perdeu assim o foro privilegiado, sendo a seguir indiciado pela própria Polícia Federal. Essa polícia, aliás, não "ameaçou" o caseiro Francenildo, mas investigou suas contas por movimentações incompatíveis com seus rendimentos. Isso, por si só, não constitui ilegalidade alguma. Ilegal foi, obviamente, a quebra de seu sigilo bancário por parte da Caixa Federal, sob ordens do ministro Palocci e sem a devida autorização judicial. Palocci julgava que o caseiro recebera dinheiro da oposição para fazer as denúncias -- não recebeu, como ficou provado, e o dinheiro tinha origem legítima. Como disse o próprio Francenildo em declarações feitas na semana passada, provou-se que nem sempre vence o lado mais forte.
O melhor é que todo esse imbroglio ainda tem um lado bom: certamente ajudará na derrota de Lula nas próximas eleições.
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De Paulo José Miranda a 07.04.2006 às 17:54

Infelizmente é mesmo assim!
A votação da cassação
é feita pelos próprios,
como esperar outro resultado?
O mais impressionante é que a economia
nem sequer estremece.

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