Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Nós e o Brasil: uma história de amor intenso e de despeito magoado. Irrita-me o ressentimento de ambos os lados, que é ridículo – mas compreensível – e que, quando vem pela mão de políticos, se torna imbecil, como aconteceu nas presidências de Dilma e Bolsonaro, e como acontecia com Salazar, que via no Brasil um lugar perigoso, amável e cheio de libido e samba, coisas que não entendia. Países irmãos? Não. O Brasil tem uma cultura que conhecemos pouco – exceto a música popular – e não falo dos motivos folclóricos ou turísticos: a sua literatura é melhor do que a nossa (Machado, Rubem, Amado, Verissimo, João Cabral, Drummond, Nelson Rodrigues), tal como a pintura, a arquitetura, a música ou o debate intelectual (tirando os últimos anos, em que o Brasil se transformou num circo de patetas ‘woke’). Parte das suas elites detestava Portugal até ter descoberto que isto ficava na Europa; as nossas gostavam do Brasil à maneira idiota, classista, como se tudo fosse Ipanema. Obrigado por tudo, Brasil.
Da coluna diária do CM.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.