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Chico Buarque.

por FJV, em 26.04.23

Dos discursos do fim de semana – podíamos passar sem eles, exceto um. Não comungo da ideia geral que viu luz e coisas notáveis nos discursos no parlamento da pátria, ameaçado por energúmenos. Podíamos passar sem eles. Mas ficaríamos mais pobres sem o discurso de Chico Buarque ao receber o Prémio Camões – que não lhe foi entregue antes por culpa do mostrengo que ocupou a presidência brasileira nos últimos anos. Chico Buarque é um poeta superior e um ficcionista que se distingue facilmente no meio da falta de imaginação geral. Seja poeta, portanto. O seu discurso, apesar do ruído geral, foi precioso e teve todos os momentos: homenagem (ao pai, o notável Sérgio Buarque), evocação (dos antepassados portugueses, índios, judeus sefarditas – e dos pares, com gentileza), e a piada final, com ferroada. Curto e em português muito perfeito, a provar que “a cultura” é sobretudo elegância – e não alarido nem gritaria e banalidade. Do que me lembro, foi o melhor dos discursos de sempre do Prémio Camões.

Da coluna diária do CM.

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