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Não me interessa ler o “parecer” sobre o despedimento dos gestores da TAP, de cuja existência – assegurada por três diligentes ministros – não duvido. Estou a ler um livro de ensaios de Nabokov e a folhear verbetes de um dicionário. Mas fiquei cheio de curiosidade depois de ler as declarações do secretário-geral-adjunto do PS, João Torres, para quem a existência ou não desse texto “não interessa aos portugueses”. Errado: o “parecer” não me interessa, mas a sua existência, sim, é motivo de interesse, porque três ministros garantiram que o “parecer” existe – e um, apenas, disse que não existia. No entanto, João Torres acha que isto é uma questão de “semântica”. Ora, isto é cair no caldeirão. Andei anos e anos a estudar semântica, e a semântica não trata de mentiras, mas do significado de palavras e frases. Na frase “o parecer existe” não há dúvidas, tal como em “o parecer não existe”. Se para João Torres isto não interessa, conclui-se que se pode mentir à vontade, o que é uma barbaridade.
Da coluna diária do CM.
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