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Este ano, o Grande Prémio de Crónica da Associação Portuguesa de Escritores (APE) foi parar às mãos de Miguel Esteves Cardoso como autor de Independente Demente (Bertrand), que reune textos publicados há mais de trinta anos, no semanário O Independente. Parabéns ao júri. E à APE. O prémio vem com muitos anos de atraso, quando Miguel Esteves Cardoso publicou A Causa das Coisas (1986), Os Meus Problemas (1988) ou As Minhas Aventuras na República Portuguesa (1990) – mas na altura não havia prémio de crónica e, se houvesse, os júris iriam encolher-se na poltrona. Acontece que, com esses livros, ele mudou a forma de escrever e de ser português. Não é pouca coisa. O Portugal bem comportado e canónico (pelos padrões da época) ficou incomodado e irritava-se frequentemente com aquele rapaz que não só escrevia daquela maneira como ainda por cima se ria, nos fazia rir e, caso estranho, nos fazia pensar, não para que pensássemos como ele pensava – mas pensar, por desfastio e consolo.
Da coluna diária do CM.
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