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Tirando o sofrimento das vítimas, que nunca, nunca, se deve desvalorizar, o “caso Boaventura” tem pormenores facetos. O primeiro é a desfaçatez de Boaventura Sousa Santos ao desculpar-se com a patranha do “neoliberalismo”: a culpa é do “neoliberalismo”, que rouba a alma das pessoas. Boaventura pode estar totalmente inocente, mas invocar o papão é uma jogada de truz. E, depois, isto: alguém da universidade, ouvindo as queixas de uma aluna, justifica eventual patifaria: “Ele é brilhante, mas infelizmente tem dessas coisas.” A frase é um retrato medonho e tragicómico; primeiro, leva-nos a procurar o extraordinário brilho de Boaventura, que algumas boas almas insistem em imaginar, uma soma de banalidades de comício e uma lista de originalidades sem sustentação científica; mas, sobretudo, leva-nos a tentar entender as razões pelas quais um eventual comportamento abjeto pode ser desculpado por esse “brilhantismo” (que deve andar suspenso na abóbada celeste). As duas coisas invisíveis andam a par.
Da coluna diária do CM.
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