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A Páscoa judaica, ‘Pessach’, “passagem”, que este ano coincide com a cristã, celebrava-se cerca de mil anos antes de Cristo, assinalando a libertação dos escravos no Egito. Jesus celebrou essa Páscoa e transformou-se no intérprete de outra – a que trata da sua vida, morte e ressurreição. O mistério destas tradições permanece e lembra-nos que somos peregrinos. Estamos de passagem. Falar disto é uma espécie de despropósito num mundo que reduz a Páscoa a confeitaria, chocolate e Algarve, mas acredito que vale a pena insistir. Todos os anos há uma celebração importante a registar – nem sempre em nome dos escravos que se libertam e atravessam o deserto, ou em nome de quem se liberta da lei da morte através de uma mensagem inovadora e tão cheia de ironia como de promessa. O Ocidente tornou-se laico, primeiro, mas cínico e ateu depois – e ao libertar-se da religião, a sociedade “libertou-se” também da memória. Ficou mais pobre. E, no entanto, alguém continua a celebrar todos os anos. Boa Páscoa.
Da coluna diária do CM.
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