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Milhões.

por FJV, em 06.04.23

Lembram-se do “jantar no Hotel Central”? É um episódio muito especial de Os Maias em que um banqueiro, “o Cohen”, cuja esposa é catrapiscada por João da Ega, faz confidências sobre o estado da economia portuguesa e sobre a necessidade “do empréstimo”. Tudo em segredo, entre o brilho dos cristais e a solenidade das casacas. Hoje, as confidências fazem-se na mesma mas através de mensagens de Whatsapp que negoceiam 500 mil euros para cima, um milhão para baixo, um voo da TAP para aqui, uma indemnização para lá, com assinatura de altos funcionários do Estado – e transmissão televisiva. Também dava um romance, que tanto podia ser Os Maias, de Eça, como O Pai Goriot, de Balzac, um dos meus preferidos, onde pululam personagens como Rastignac, ou Vautrin, ou o rico Goriot – a vantagem é que a sua fortuna suspeita não lesa diretamente o Estado. Se, em vez de se dedicarem a questões de género e pipis, os jovens romancistas tomarem estes cenários como exemplo, teremos romance. Mas temo que não liguem.

Da coluna diária do CM.

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