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A revolução pela televisão.

por FJV, em 04.04.23

Houve pormenores caricatos na manifestação e subsequente jornada campal de luta “pelo direito à habitação” que decorreu no sábado passado em Lisboa – mas o tempo dilui quase tudo, sobretudo as coisas risíveis, à maneira de uma comédia. Enquanto parte da imprensa treme de emoção à possibilidade de uma pinguinha de terrorismo, e outra parte sonha com vagas de “coletes amarelos” a incendiar apenas os carros dos vizinhos, os manifestantes do Martim Moniz queixaram-se de violência policial. Talvez por isso, recordei-me de Álvaro Cunhal e da frase que lhe ouvi durante uma entrevista de 1996, e que é (julgo) atribuída a Lenine, “A revolução não é um passeio na Nevsky Prospekt” (a principal das avenidas centrais de São Petersburgo). Já os nossos revolucionários, designados de “ativistas”, iriam de bicicleta ou trotinete, entrevistados por repórteres que recolheriam as suas queixas sobre empurrões de polícias. Claramente, não estão preparados para a revolução. Só se ela for transmitida pela televisão.

Da coluna diária do CM.

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