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Não sei como se vulgarizou a palavra “inverdade”, mas isso levou a que a palavra “mentira” fosse desvalorizada – e deixou de ser um ferrete na biografia de alguém. Ao mesmo tempo, o mentiroso passou a ser designado como “pessoa habilidosa”, artista, maganão espertíssimo, malabarista cómico ou apenas malandrote – e passámos, coletivamente, a apreciar trampolineiros e mentirosos. Imaginemos um país em que a mentira passou a ser desculpada com bons artifícios; o mentiroso é denunciado em público nas televisões e nas manchetes dos jornais, mas passa em frente com o beneplácito dos eleitores, que encolhem os ombros. Um ministro, por exemplo, pode mentir descaradamente e dissimular (números, factos, estatísticas) quanto quer ou lhe convém em áreas tão diferentes como educação, habitação, economia, justiça, finanças, agricultura, forças armadas ou até diplomacia. Os eleitores não confiam mas encolhem os ombros. Achamos graça ao patife. Existem países assim mas, felizmente, não vivemos num deles.
Da coluna diária do CM.
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