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A ideia de que há pessoas que “dão figuras de romance” não tem a ver com o facto de serem exemplares do ponto de vista moral, político, ou até literário; seriam uns chatos; boa parte dessas figuras distinguem-se por terem vidas agitadas, aventurosas, controversas – e há outras que acompanharam os dois termos da equação e sabem juntá-los. José Luís Peixoto traçou esses dois lados da memória de Manuel Rui Azinhais Nabeiro num romance, Almoço de Domingo. Cada vida é obra da tentativa de lhe sobreviver com a graça da memória. Talvez precisemos de mais pessoas como o “senhor Rui”, como era conhecido na sua terra, Campo Maior, que não abandonou, e que lhe deve bastante. Talvez precisemos apenas de pessoas que imaginem um mundo melhor e mais belo, não apenas mais rico – e no qual “os vencedores” sejam discretos, generosos e valorizem a dívida que têm para com os outros. O problema dos novos ricos, em Portugal, é que desconhecem, em geral, a palavra “gratidão”. O “senhor Rui” era dos antigos.
Da coluna diária do CM.
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