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Felizmente que Natália Correia – de quem ontem passaram 30 anos sobre a sua morte – gostava de ser chamada “poetisa” e não “poeta”. Não tendo precisado do dicionário para escrever ‘Mátria’ em 1967, também não precisou de autorização para ser livre e incómoda. Antecipou em público muitos combates, previu em privado muitas desilusões, e escreveu sobre ambas as coisas. Devia ser mais estudado o seu contributo para compreender Portugal, e é preciosa a ajuda de Filipa Martins, que escreveu a biografia O Dever de Deslumbrar (Contraponto), trabalho de vários anos e recolhendo todos os passos, confrontos, desafios, enganos, intuições, pequenas loucuras, sinais do talento e da coragem de Natália. É uma biografia que nos ajudará a perceber o papel da escritora num país entaramelado, infeliz e cheio de gente irrisória. Natália Correia era superior – e viveu exatamente assim, inclassificável. Talvez por isso, esquerdas e direitas se sintam tão incomodadas quando se fala em Natália. Dá para desconfiar.
Da coluna diária do CM.
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