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O verbo “querer” é um recurso importante da imprensa, tal como o “arrasar”. Não significam nem uma nem outra coisa. Fulano “arrasou” fulano, lê-se; vamos ver e fulano, que está de pedra e cal, inteiro, apenas foi criticado por vestir-se como uma galdéria, o que até pode ser um elogio – e não arrasado como um castelo de areia. Quanto ao “querer”, é um verbo danado (lembram-se da canção de Caetano, “O Quereres”?) Uma pessoa entra num estabelecimento (que coisa maravilhosa, quando as lojas não eram ‘galerias’ nem ‘shoppings’) e quer um par de calças, um metro de nastro, um molho de agriões ou um fecho-éclair. E, realmente, quer. Poderíamos querer o euromilhões, mas temos a noção das coisas. Outra coisa é quando a imprensa diz que o Presidente quer rapidez no afastamento dos padres pedófilos, na execução do PRR, na venda da TAP ou no apuramento de responsabilidades. O verbo “querer”, aqui, não é o verbo “querer”: é uma fórmula que os gramáticos entendem e que o PR não está disposto a explicar.
Da coluna diária do CM.
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