Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Se estivesse a falar sobre Estaline citaria a derradeira fase do prefácio deste livro, que refere a sua “busca mortífera por uma utopia socialista”. Mas o objetivo de A Biblioteca de Estaline, de Geoffrey Roberts (edição Zigurate) é conhecermos a influência, a sensibilidade, certezas absolutas, descobertas, dúvidas, crueldades e amenidades que cerca de 25 mil livros despertaram no ditador soviético. Todas as biografias mencionam o seu corpo deitado no sofá da sua biblioteca, na dacha onde morreu há 70 anos, assinalados no passado domingo. Estaline era tudo: leitor muito atento, censor, editor, vigia, autor (medíocre) – e pertencia a um mundo em que a leitura era o centro e o pilar de todas as coisas. Sobre as virtudes dessa paixão pelos livros, o fascinante e obrigatório livro de Geoffrey Roberts sugere que seria impossível Estaline manter um regime tão brutal, violento e esquizofrénico se não tivesse sido o leitor extraordinário que foi. As virtudes escondem ou produzem monstruosidades.
Da coluna diária do CM.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.