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Antecipando os tempos de purga a que assistimos hoje em dia – ainda não em Portugal – Nietzsche falava em 1887 de uma “neurose religiosa” que levava pessoas a cometer atos de censura, perseguição e recusa de debate e oposição. Na semana passada foi o “caso Roald Dahl”; esta semana é o “caso Ian Fleming”, cujos livros da série James Bond, o 007, estão a ser submetidos a um rigoroso escrutínio para serem expurgados de expressões ou “inclinações” racistas, alegadamente misóginas, naturalmente machistas. A justificação é que “as novas gerações” não suportam esses crimes e se sentem ofendidas, tão desprotegidas que estão. É natural: acabaram com a presença da História, da Filosofia e da História da Literatura nas escolas; a ideia é fustigar o passado e ensinar que o mundo começou agora, cheio de virtudes, quinoa ou leite de amêndoa – e sem combates, injustiças ou contrariedades. Tenho um certo receio cómico sobre o que acontecerá quando começarem a expurgar os livros de Camilo. Desejo que se apressem.
Da coluna diária do CM.
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