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Michel de Montaigne (1533-1592) mudou a maneira de escrever. Os seus Ensaios são um dos textos mais recorrentes da minha vida. Os dois volumes, em letra miúda, estão sublinhados; nunca imaginei que alguém, no século XVI, pudesse ter escrito sobre tudo o que Montaigne (que tinha origem sefardita, marrana) escreveu: o canibalismo, a amizade, o vinho, a perda, os cães, a ruína do divertimento, o cheiro, o silêncio ou o repouso, a urbanidade nas relações com os outros, a velhice e o envelhecimento, a ira e o comedimento, Plutarco e Horácio, a ociosidade, a ilusão da virtude, a passagem do tempo (sobretudo a ideia de que nada existe que o tempo não venha acertar, corrigir, decidir com sensatez) e, lá está, o “sentido da vida” – para corrigir pessoas ansiosas: “Qualquer que seja a duração da nossa vida, ela é completa.” Passando hoje 490 anos sobre o nascimento deste homem tolerante, curioso, observador e conformado, só me resta lembrá-lo. E aceitar que a vida não é uma trincheira nem uma girândola.
Da coluna diária do CM.
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