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A edição parvinha e censurada.

por FJV, em 27.02.23

Na semana passada, um dos meus temas preferidos foi a limpeza dos livros de Roald Dahl (Contos do Imprevisto ou Charlie e a Fábrica de Chocolate), ordenada pelo editor e pelos herdeiros. A ideia era tirar a linguagem considerada ofensiva (como ‘gordo’, ‘feia’, eu depois faço-vos a lista). Coisas idiotas acontecem sempre, mas quando ultrapassam certo limite levam a protestos de gente sensata; era como se limpássemos Eça, Camilo, Pessoa, Gil Vicente – ou esperassem que um autor morresse para lhe mudar o texto e o pôr de acordo com a moda ideológica. O ruído foi tanto (e incluiu corrida aos alfarrabistas para comprar edições anteriores) que o editor inglês, a Penguin, voltou atrás. Mas nem tanto: mantém a edição normal, a de Roald Dahl, e vai ter a edição parvinha e censurada pela empresa de “leitores sensíveis” que se especializou neste género de mutilação e aconselhamento, a Inclusive Minds. Bom marketing, vá lá – mas, com esta gente, nenhum autor está livre da censura e destruição dos textos.

Da coluna diária do CM.

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