Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Desde ontem que vejo As Tentações de Santo Antão, de Hieronymus Bosch (que está no nosso Museu de Arte Antiga), como uma espécie de metáfora dos horrores que devem constar no relatório sobre os abusos sexuais por membros do clero ou a ele ligados. Em primeiro lugar, é preciso distinguir a coragem dos que, no seio da hierarquia, lutaram pela existência desta Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica – e assinalar o trabalho feito pela comissão. E, depois, relembrar o lado negro: os que, aqui e ali, desvalorizaram e relativizaram o eventual resultado dos trabalhos, nomeadamente bispos. Talvez venha a existir um momento antes e depois destas revelações – que não são as mencionadas nos textos de fé, mas as escondidas nas catacumbas do mal. Ontem já se disse bastante sobre o assunto – mas não o suficiente. O abuso de crianças é uma das proporções do mal. Pedir desculpa não basta; é preciso atravessar o deserto. Quanto mais cedo melhor.
Da coluna diária do CM.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.