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Algumas boas almas (e outras com defeitos graves) descobriram que Lisboa não é apenas alojamento local, projetos imobiliários, “unicórnios”, Web Summit, rooftops, turistas no Chiado, brunchs e “turismo de eventos”. Por detrás da Lisboa animada por uma preciosa fauna etérea, moderna e sem pátria, estão “as ruínas do interior”. O cenário da Mouraria não é o do feliz otimismo que anima as burguesias urbanas: é o cosmopolitismo dos pobres e dos deserdados. Muitos daqueles imigrantes entraram em Portugal e deixaram de ser controlados, ou seja: sem documentos, sem apoios, sem alojamento, entregues às ruínas escondidas de uma cidade maquilhada mas suja, atraente para ricos e malvada para os outros. Sim, a política de imigração é uma treta no país do espetáculo e da aparência: primeiro, discursa, cheia de princípios e boas intenções; depois, maltrata, sem dinheiro, paciência ou memória. Quanto à cidade, não muda há muitos anos: continua suja, desagradável e há de ficar pior. Mas trata bem da imagem.
Da coluna diária do CM.
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