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Quando era deputado às Cortes, Calisto Elói, personagem de A Queda dum Anjo, queixava-se amargamente do linguajar dos seus contemporâneos. Calisto, que era bom homem (por pouco tempo), falava como um Demóstenes de Miranda do Douro – mas, ao contrário de mim, tinha a ilusão de poder corrigir os seus pares. A Academia das Ciências (já que no Ministério da Educação se fala sofrivelmente) devia subsidiar o estudo do linguajar penoso, rebarbativo e abobalhado dos nossos políticos e deputados (porque são coisas diferentes), publicitários, diretores-gerais, provedores, magistrados, jornalistas de coisas benévolas e “sustentáveis”, presidentes de fundações, professores de ciência política e administradores-delegados. E é um começo. Depois vêm os adolescentes das juventudes partidárias, bons de açoitar, e os “ativistas” que proliferam como antes acontecia com os frades. Deve existir um algoritmo mandrião e maneta que os convenceu de que, para serem boas pessoas, precisam de falar mal português.
Da coluna diária do CM.
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